[Opinião] Unir ou desunir?

Ana Isabel Silva CRÓNICAS/OPINIÃO

A nova rede metropolitana Unir arrancou muito recentemente mas já tem sido alvo de muitas críticas por parte dos utilizadores. A Unir é a nova rede de transportes da área metropolitana do Porto. O presidente da Área Metropolitana do Porto garantia que o arranque iria ser suave. Garantia também que os horários da rede de transportes de autocarros que já existiam se iriam manter, “sem supressões nem cortes” e o que iria haver eram “crescendos”. No entanto, o primeiro dia do seu funcionamento foi marcado por atrasos e autocarros que não apareceram. O mais grave ainda, foi a praticamente ausência de informação prestada aos utilizadores, com extrema dificuldade em consultar os horários. Santo Tirso foi o concelho onde esta informação foi facultada mais tardiamente. Apesar de um dos grandes objetivos da criação desta rede ser a criação de uma imagem única, fácil de identificar, os números e destinos da linha nos autocarros estão apenas impressos numa folha A4. Para além disso nem todos os municípios conseguiram ter os autocarros necessários, utilizando para já veículos de recurso, sem essa imagem uniforme. Outro objetivo desta rede era a possibilidade de utilizar o sistema de bilhetes Andante em todo o território da Área Metropolitana do Porto. No entanto, muitos veículos não têm ainda o sistema de validação do cartão Andante.

Este processo tinha de ser feito com mais competência e não de forma leviana ou de forma gradual como aconteceu. Isto porque as pessoas que utilizam as redes de transporte público precisam do mesmo para se deslocar, seja para trabalhar ou estudar. O direito à mobilidade é um direito social, e é o pilar para acesso a outros importantes direitos como educação, trabalho ou habitação. Não se pode, por isso, aguardar até março de 2024 para sanar o problema de falta de autocarros. Para alem disso a gritante falta de informação disponível aos utentes ou de linhas essenciais suprimidas, são questões de urgente resolução. É imperativo um rápido investimento em veiculação de informação simples e acessível sobre as linhas e horários, reposição de linhas suprimidas, assim como a garantia de que existe capacidade de acompanhamento dos atrasos ou não passagem dos autocarros em tempo real. Esta confusão e a penalização de trabalhadores, estudantes e outros utentes não se pode manter neste nível de amadorismo, já que esta falta de capacidade de preparação atempada da entrada em vigor de uma rede coesa e fiável causa um transtorno imenso a quem diariamente usa o transporte público.

Por fim, é necessário que sejam implementados mecanismos de auscultação das populações, sobre a rede de transportes Unir, com vista a corrigir e melhorar o serviço tendo em conta quem o utiliza. O transporte público é a principal ferramenta para a mobilidade, para a transição energética e coesão territorial. É necessário melhorar e alterar os transportes públicos que antes existiam, de má qualidade, poluentes, e que não serviram condignamente muitas zonas, mas a alteração não pode ser feita em completo desnorte e desrespeito por quem os usa e deles depende para as deslocações diárias.

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