[Opinião] Vem aí a Bazuca: ordem para gastar!

CRÓNICAS/OPINIÃO Rui Baptista

1 Portugal foi o primeiro país da UE a ter o seu plano de resiliência aprovado pela Comissão Europeia.

Sem prejuízo de melhor análise do documento, pois ainda não li a totalidade das cerca das 150 páginas, mas uma evidencia salta ao de cima: muito dinheiro para o Estado gastar e pouco para investir directamente na economia.

Esta é uma oportunidade única para Portugal e para a Europa, onde poderá alavancar reformas e investimentos de uma forma mais rápida e sem os custos de financiamento que teria se pedir o dinheiro emprestado. Talvez temos de recuar ao pós II Guerra Mundial e ao Plano Marshal para a vermos um investimento a fundo perdido desta dimensão.

O Governo diz que por cada 1€ investido do PRR transforma-se em 1,4€ e que em 2025 o PIB vai ficar acima 3,5% do que seria sem “bazuca”. Ora isto é uma projecção muito optimista quando mais de metade da Bazuca será investida pelo Estado e Administração Publica.

O Estado deve melhorar os serviços públicos e aproveitar este dinheiro, sem duvida, mas deve também promover o crescimento da economia pela via da criação de mais empresas e fortalecimento das existentes. Sem necessidade de dar dinheiro às empresas, mas sim flexibilizando a carga fiscal de patrões e empregados, desburocratizando aquilo que a Justiça e a administração pública em geral para que as empresas não fiquem reféns de anos para decidirem processos, licenças e etc.

Portugal não terá uma economia forte enquanto for um país de nano, micro e pequenos empresários. Estas pequenas empresas só conseguem vender para o mercado interno, que é muito pequeno e ainda têm de concorrer com as marcas estrangeiras que entram no país. Desta forma como conseguem crescer e gerar mais postos de trabalho?

Temos de fazer crescer as nossas empresas para médias e grandes empresas, pois só assim conseguem ser competitivas no estrangeiro e esta pandemia veio evidenciar a fraqueza do nosso tecido empresarial.  Obviamente que temos de ter micro e pequenas empresas, mas estas não devem representar mais de 60% do nosso tecido empresarial.

Esta era uma excelente oportunidade para transformarmos a nossa economia.

Portugal não terá uma economia forte enquanto for um país de nano, micro e pequenos empresários.

Rui Baptista

2 No mesmo seguimento de projectar o futuro e transformar o país em que vivemos a edição passada do Entre Margens foi feita uma reportagem sobre um estudo arquitectónica da nossa vila.

Ainda bem que se pegou no tema, no entanto penso que deveria ser abordado de uma forma mais completa e escalpelizar as causas e os efeitos que se previam com este estudo.

Apenas um breve contexto:

Este estudo foi encomendado pela Junta de Freguesia, no mandato anterior de Elisabete Roque Faria, e porquê o estudo e porquê este arquitecto? Na altura o Executivo da Junta sentiu que tinha essa obrigação. Se a Vila das Aves é muito diferente das freguesias que nos rodeiam é porque teve sempre gente que se preocupou com o seu território e com o seu urbanismo e, não falamos apenas dos últimos 30 anos, mas sim de todo o seculo XX. Não é normal uma terra da nossa dimensão ter um traçado urbano destas características e com estes anos. Por isso temos o dever de continuar essa marca e esse legado.

Este projecto pretendia que se idealizasse a Vila das Aves não só para a próxima década, mas sim para 30 anos. De certa forma serviria de alicerces para quem estivesse à frente dos destinos da Aves e do concelho terem as linhas orientadores sobre a organização do nosso território mantendo uma linha de coerência.

O arquitecto escolhido alem de ser uma referencia da arquitectura no Porto e no país é muito conhecedor da nossa Vila pois tinha já cá projectos seus.

Foi um trabalho elaborado ao longo de mais de um ano que foi apresentado ao Executivo da altura já na fase final do mandato.

Como era natural este projecto seria apresentado a toda a população e seria objecto de discussão publica e a Câmara Municipal seria envolvida como parceiro estratégico do mesmo.

Como se pretendia que fosse um projecto para várias décadas e trabalhado por várias gerações, achou-se por bem não iniciar a discussão em período de eleições autárquicas, pois desvirtuaria a sua essência. Pós-eleições, quem ganhasse teria já o trabalho adiantado para colocar o projecto a discussão publica e fazermos as consequentes melhorias que fossem necessárias.

Até hoje continua na gaveta, mas o jornal pegou no tema, acho que faria sentido colocar a opinião publica a debater, já não temos o Arquitecto autor entre os vivos, mas seguramente é possível falar com as pessoas do seu atelier que trabalharam na elaboração do plano.  Nunca é tarde para se projectar o futuro.

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