[Opinião] Orçamento para Santo Tirso

Ana Isabel Silva CRÓNICAS/OPINIÃO

O início de setembro é marcado pelas rentrées políticas. Os telejornais enchem-se de avisos deixados pelos líderes partidários que comparecem para mais um momento de debate orçamental com a iminente possibilidade de mais um chumbo de um Orçamento de Estado. Este é o panorama a nível nacional, que desvia as atenções de outro momento político de particular relevância, referentes ao poder local.

Por esta altura são iniciadas negociações ou, no caso de Santo Tirso, as encenações para o desenvolvimento do documento mais importante do município: as Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2025. O executivo convidou todos os partidos com assento na Assembleia Municipal a sentar-se, como dita o Estatuto da Oposição, para levar propostas para incluir (ou não) no Orçamento do ano que vem. Como é hábito desde que o Bloco de Esquerda tem representação em Santo Tirso, trouxemos à mesa um documento com medidas que representam as necessidades e preocupações da maioria dos tirsenses que veem o seu poder de compra a diminuir, seja pela estagnação dos salários, seja por via do aumento dos custos associados à alimentação e habitação, entre outros. O documento que apresentamos divide-se em 4 eixos centrais que identificamos como cruciais.

Habitação. Está à vista de todos as dificuldades que muitos atravessam para poder pagar a renda de uma casa ou a prestação ao banco. Dentro das limitações que um município tem para a resolução deste problema, apresentamos duas medidas que teriam um impacto muito positivo na vida de muitos inquilinos tirsenses, como a expansão do número de habitações públicos e o reforço dos apoios ao arrendamento como resposta imediata a esta crise.

Transportes, Mobilidade e Sustentabilidade Ambiental – é necessário aumentar os horários e carreiras dos transportes públicos em todas as freguesias, criando mais ligações e combatendo o isolamento social. Neste âmbito, insistimos numa medida que já havíamos apresentado na Assembleia Municipal, que se prende com o alargamento dos horários do serviço “SHUTTLE”, implementando-o, também, em Vila das Aves.

Coesão Social, onde apresentamos uma proposta crucial no que se refere ao envelhecimento ativo através da elaboração de um Plano Municipal Gerontológico. Este plano prevê o apoio a obras para as pessoas idosas adaptarem e melhorarem as acessibilidades nas suas casas, o alargamento da rede de espaços de convívio para pessoas idosas em articulação com as Juntas de Freguesia e a criação de gabinetes municipais de apoio ao idoso e cuidador informal.

Cultura e Desporto. Conscientes de que a cultura é negligenciada em tempos de crise, recomendamos o investimento em peças teatrais encenadas por companhias do concelho, nomeadamente no Centro Cultural de Vila das Aves, o incentivo a exposições de artistas tirsenses nas infraestruturas existentes e a inauguração de uma mostra anual de obras de escritores tirsenses. Propusemos, também, o aumento do investimento em equipamentos e atividades desportivas, dado que o valor gasto por habitante, em Santo Tirso, se encontra bastante abaixo da média nacional (50€/hab.) e da média europeia (108€/hab.).

Estas foram algumas das propostas que levamos à Câmara Municipal e que espelham as prioridades do Bloco de Esquerda para o concelho: melhores condições de habitação e a preços acessíveis, um concelho mais verde e com uma mobilidade coletiva ao serviço de toda a população, um envelhecimento ativo e a valorização da cultura e do desporto, bem como tempo para viver. Cabe agora ao executivo executar (ou não) esta visão para o concelho.

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