[Editorial] Pergunta e resposta em modo balanço

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

1Há um ano, por esta altura, apresentávamos aos leitores do Entre Margens as notícias e os documentos dos acordos entre o CD Aves e a SAD Vilafranquense.  E assinalávamos, entre outras coisas, que, do ponto de vista do Desportivo das Aves a “solução arquitetada entre a direção do Desportivo das Aves e a SAD do Vilafranquense cumpre, no fundo, dois objetivos fundamentais. Permite assegurar o património do clube nas melhores condições possíveis, com o investimento previsto para o estádio que, caso contrário, se tornaria num “elefante branco” a médio prazo. E, mais importante, talvez, “ganhar tempo” para as morosas batalhas legais e administrativas que estão já andamento”.

Do nosso ponto de vista e passado que foi um ano, o balanço mostra-se positivo e a candidatura da direção do clube para novo mandato prova-o e assegura estabilidade na gestão, embora não se conheçam ainda avanços significativos nas “morosas batalhas legais e administrativas” de que então se falava.

Do ponto de vista da renomeada AVS Futebol SAD também o balanço tem sido positivo e pode mesmo, do ponto de vista desportivo, superar as expetativas iniciais. E reconheça-se que a AVS tem sido veículo de promoção da Vila e do próprio Desportivo das Aves, como se sente, por exemplo, com as referências ao clube quando se acompanham relatos televisivos. Mesmo fora do aspeto competitivo, a SAD tem tido interações muito positivas com outras instituições locais, como é o caso da Associação Humanitária dos Bombeiros, com quem estabeleceu um contrato que permitiu dar vida a um novo campo relvado natural, que já está ao serviço da equipa de futebol profissional. Oxalá a conclusão do projeto existente (balneários e bancada) possa constituir uma segunda parte desta parceria.

É notícia, nesta edição do Entre Margens, a decisão da Assembleia de Freguesia de Vila das Aves de aprovar um contrato de comodato entre a Junta e a AVS SAD para a cedência, por 25 anos, da Quinta dos Pinheiros, para aí semear um outro relvado. Estranha-se o prazo, que excede largamente os prazos dos contratos do CDAves e da AHBVVA com a mesma entidade (ambos por 10 anos). E não é claramente estabelecido o objeto do acordo, as obrigações eventualmente assumidas e as penalizações em caso de incumprimento.

 A pergunta é: os balanços positivos globais de uma única época justificam que se baixe a guarda, no que à prudência diz respeito?

2Também há um ano, tratámos neste espaço das contas da autarquia municipal. E escrevemos, a propósito do excesso de liquidez e da elevada capacidade de endividamento da câmara, “não seria oportuno, por exemplo, equacionar investimentos imobiliários para arrendamento a custos acessíveis?”.

As contas agora apresentadas seguem o padrão do ano anterior, pelo que as considerações bem poderiam ser as mesmas. Talvez em consequência da (alegada) elevada inércia do sistema, que é avesso a mudanças de procedimentos e de andamentos.

Entretanto, estou como Galileu, que para salvar a vida, depois de renegar a sua teoria de que a terra se move à volta do sol, murmurou: “e pur si muove” (no entanto, ela move-se). Tenho de reconhecer, ao tomar conhecimento de candidatura da câmara ao PRR para a construção de “Gião, Parque Público de Habitação” para arrendamento a custos acessíveis, que, apesar de tudo, ela move-se…

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