[OPINIÃO] Autárquicas e Abstenção

Castro Fernandes CRÓNICAS/OPINIÃO

Num exercício de análise aos resultados eleitorais autárquicos nos últimos 20 anos no concelho de Santo Tirso, ver o gráfico acima, chegamos à conclusão que a grande evolução que se tem verificado é a do aumento da abstenção, em especial nos três últimos atos eleitorais. Disso mesmo usufruiu o PS que com a maior abstenção de sempre, com 26.493 não votantes e uma percentagem de 42,8 , conseguiu eleger 7 vereadores, o maior número de sempre, nas recentes eleições, com 21.420 votos e uma percentagem de 60,4.

As taxas de abstenção eleitoral foram de 31,8 por cento em 2001, de 29,3 por cento em 2005, de 29,9 por cento em 2009, de 38,0 por cento em 2013, de 33,8 por cento em 2017 e de 42,8 por cento em 2021. A taxa de abstenção passou nos quatro últimos atos eleitorais de menos de 30 por cento, em 2009, para os 42,8 por cento no recente ato eleitoral autárquico. Uma subida muito significativa quando verificamos que entre 2017 e 2021 o número de abstenções subiu em 5.120 não votantes.

” A nível concelhio há a referir que em 2021 na União de freguesias de Santo Tirso, Santa Cristina e São Miguel do Couto e Burgães, a abstenção atingiu os 49,3%, um valor muito significativo que nos leva a repensar a forma de melhorar a participação ativa dos cidadãos”

Castro Fernandes

O fenómeno da abstenção não é só resultante das eleições autárquicas e tem repercussão nas eleições legislativas, presidenciais e europeias que já referi anteriormente em estudos levados a efeito pela União Europeia. E mesmo ao nível concelhio há a referir que em 2021 na União de Freguesias de Santo Tirso, Santa Cristina e S. Miguel do Couto e Burgães a abstenção atingiu os 49,3 por cento, ou seja 9.245 não votantes em 18.738 inscritos! Um valor muito significativo que nos leva a todos, pessoas e instituições democráticas, a repensar a forma de melhorar a participação ativa dos cidadãos, em especial os jovens, nos atos eleitorais.

Sobre o número de votos nas eleições autárquicas nos dois maiores partidos, o PS estabilizou em 2009 com 21.427 votos, tendo descido em 2013 para 17.924 votos, subiu em 2017 para 22.454 e desceu novamente em 2021 para 21.420. Quanto ao PSD que estabilizou em 2009 com 18.700 votos, desceu em 2013 para 13.051 votos (coligação PSD/PPM), subiu em 2017 para 14.868 votos (coligação PSD/CDS) e baixou abruptamente em 2021 para 6.612 votos (coligação PSD/CDS).

Muitas outras conclusões se podem retirar de uma análise mais profunda, já que não houve a possibilidade de incluir nesta análise o BE, a CDU, o Chega e a lista NC/PPM, mas em altura oportuna poder-se-á estudar esse assunto, tendo em conta as novas realidades partidárias e independentes ao nível local.

PS – imagens gráficas elaboradas com o apoio do jornalista do Entre Margens, Paulo Silva.

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