[Opinião] Cantos de sereia em ano de eleições

CRÓNICAS/OPINIÃO Rui Baptista

A Câmara de Santo Tirso apresentou o seu orçamento para 2025 e as grandes opções do plano, o maior de sempre, ultrapassando os 78 milhões de euros. Este aumento segue a tendência nacional dos orçamentos municipais, devido aos investimentos financiados pelo PRR e, muitos dos projectos, colocados no papel para 2025, estão dependentes de financiamento do Governo ou de fundos Europeus.

As grandes opções do plano para 2025 vêm confirmar aquilo que aqui escrevi, aquando da apresentação da conta de gerência em março deste ano, os mais de 20 milhões de euros que a Câmara tinha em caixa, no final de 2023, não eram mera poupança, mas sim um mealheiro para gastar em ano de eleições e este orçamento vem provar isso mesmo.

Contudo vou me focar no que está previsto para a Vila das Aves nas grandes opções do plano. Estão previstos um valor aproximado de 2,4 milhões de euros, sendo a obra de maior relevo a requalificação da Av. 4 de Abril de 1955, no valor de 1,6milhões de euros.

Recuando a 2021, na campanha eleitoral, o actual presidente da Câmara veio à Vila das Aves e apresenta como promessa e prioridade para a Vila das Aves no mandato seguinte a requalificação do miolo urbano da Vila: Tojela, Bom Nome e Fontainhas, ora quatro anos depois apenas começou, e a custo, a requalificação da Rua João Bento Padilha e a Av. 4 de Abril vai apenas se iniciar em 2025. É legitimo perguntar o que impediu o Executivo Municipal de cumprir a promessa que fez na campanha de 2021 e no último ano de mandato fazer apenas uma parte desta requalificação urbana não se ter feito ao longo dos 4 anos de mandato e estar agora na fase final?

Daquilo que deveriam ser as prioridades da Câmara na Vila das Aves para este mandato poderíamos enumerar: a conclusão da Rua Silva Araújo, a Av. 4 de Abril 1955, Rua João Bento Padilha e a ligação à Tojela, requalificação do largo da Tojela. Findos os quatro anos tivemos apenas o parque do Verdeal (com muitas questões na qualidade do projecto) e, a correr bem a Rua João Bento Padilha e a Av. 4 de Abril 1955.

Será novamente legitimo dizer que a Vila das Aves não esteve nas prioridades da Câmara e, se compararmos com a sede de concelho, então está mesmo muito longe disso.

Ao analisarmos o documento vemos que a nossa terra não será uma prioridade também no próximo ano, porque além das obras que falamos acima não temos mais nada.

A requalificação da Tojela é contemplada em 2026 com 100 mil euros, o mesmo que dizer que não se vai fazer nada, a Rua Silva Araújo tem apenas verba inscrita para 2026, também não fará parte dos projectos em 2025, por isso vamos ter estas duas obras para tapar os olhos e dizer que se faz obra.

Se dividirmos os 2,4 milhões de euros que a Vila das Aves vai ter em 2025 pelos 4 anos de mandato teríamos uma média de 613 mil euros por ano neste mandato, muito pouco para a segunda maior freguesia do concelho e segundo polo urbano.

Estas obras são “cantos de sereia” para ano de eleições.

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