[Opinião] As eleições americanas são tão importantes como as nossas

CRÓNICAS/OPINIÃO Rui Baptista

1As Eleições americanas são de uma importância extrema para todo o mundo, mas se há regiões do globo em que estas eleições têm mais impacto, e a Europa é uma delas. A política americana interfere directamente na nossa vida, por muito que achemos que não. Há muitas décadas que o que se passa na América impacta na nossa carteira, na nossa cultura e na nossa paz. Quase que diria que não deveriam ser só os cidadãos norte-americanos a eleger o seu Presidente, mas sim todos os povos impactados.

A Europa sempre foi um aliado dos EUA, e sobretudo desde o início do século XX que precisamos dos americanos para nos salvar das guerras em que nos metemos.

Após a II Guerra Mundial foram os EUA que nos lançaram os primeiros apoios para a reconstrução da Europa, mas acima de tudo garantiram a defesa militar e impediram o avanço Soviético para Ocidente através da NATO.

Ao longo destes anos os europeus habituaram-se à protecção dos americanos e assumiram como garantida a paz permanente que se vive na Europa, como consequência não investiu em defesa, pois a NATO foi sempre suportada em grande medida pelos EUA.

Nos anos em que Trump foi Presidente dos EUA disse que os europeus teriam de começar pagar a sua defesa, claramente uma estratégia onde a Europa não estava nas suas prioridades geopolíticas. Mais uma vez a Europa teve a sorte de o Biden ganhar as eleições e colocar novamente a Europa como seu aliado estratégico, disponibilizando milhares de milhões de dólares para a Ucrânia e para a NATO.

Se Trump ganhar e mantiver a sua política de desinvestimento na NATO, a Europa fica novamente entregue a si mesma, tal como esteve no século XX, e o resultado foi o que se viu.

A Europa não se preparou na era pós-Trump para se tornar autónoma na sua defesa, nem mesmo com o início da guerra na Ucrânia, agora estamos mais vulneráveis e não temos os países preparados, nem com capacidade para se preparar.

Eu não vivi nenhuma Guerra Mundial, mas recordo-me dos relatos das pessoas da geração dos meus avós, porque apesar de Portugal não ter entrado na guerra, viveram-se tempos difíceis. Hoje seria impossível não sermos afectados por um conflito na Europa.

A guerra no Médio Oriente, sem fim à vista e com extremistas dos dois lados, na Ucrânia sem soluções de paz com a exigência da derrota total da Rússia, coisa impossível, e líderes políticos sem o carisma de outros tempos como Churchil ou Roosevelt.

Não somos uma geração preparada para a guerra, mas olho para o meu filho de 6 anos e acho muito provável que ele vai ter de viver em guerra. Muito provavelmente a vida dele não será tão cor-de-rosa como foi a minha ou a dos meus pais.

Que futuro estamos a deixar para os nossos filhos? O comodismo da nossa geração vai deixar um Mundo muito pior no futuro. Por isso, devemos desejar que Trump não ganhe as eleições de Novembro próximo.

2Uma nota breve sobre o tema do editorial do último número do Entre Margens sobre o cruzeiro de Romão. Após uma excelente resenha histórica sobre o cruzeiro que diariamente me habituei a ver, não podia deixar de lamentar a falta de cuidado ao planear a requalificação da Rua Luís Gonzaga Mendes Carvalho e perceber que o canteiro existente era fundamental para a protecção do cruzeiro. Já nem falo no plano estético porque um monumento de 1748 merecia mais que uma rodinha de paralelo como base.

Esperemos que arranjem a melhor solução, embora com o traçado dos passeios actuais fica difícil voltar à situação anterior.

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