[EDITORIAL] Garantir a qualidade, na comunicação e no ambiente

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

1 – Selo de qualidade?

Foi recentemente publicada legislação sobre “os direitos humanos na era digital”.

Para uns é um passo indispensável para garantir que todos têm o direito de exprimir e divulgar o seu pensamento, bem como de criar e partilhar ou difundir informações e opiniões em ambiente digital, de forma livre. E assim assegurar o cumprimento do plano europeu de ação contra a desinformação, criando condições para proteger a sociedade contra quem produza, reproduza ou difunda narrativa considerada desinformação.

Para outros esta lei abre as portas ao retorno da censura ao definir que o Estado a “apoia a criação de estruturas de verificação de factos” e a “incentiva a atribuição de selos de qualidade por entidades fidedignas dotadas do estatuto de utilidade pública”.

Precisamos de “selos de qualidade” na informação?

No nosso caso, temos vindo a obter o reconhecimento do “interesse cultural” do jornal Entre Margens por parte do Ministério da Cultura, para efeitos de mecenato cultural. E tendo um núcleo de colaboradores qualificados e com provas dadas, procuramos fazer com que o nosso produto espelhe a sua qualidade, tanto no jornal impresso como nas publicações digitais.

Acreditamos que a luta contra a desinformação e as “fake news” pode passar por um apoio diferenciado a quem demonstre ser capaz de formar e informar com qualidade, de preferência a criar estruturas mais ou menos elaboradas de verificação de factos.

2 – Corredores verdes, proteção ambiental

Nesta edição do Entre Margens damos relevo à constituição do “Corredor do Rio Leça”, uma associação de municípios que visa a recuperação deste rio. Ser ou não ser a primeira do país com tal objetivo é discutível porque, salvo erro, foi por idêntico motivo que se criou a defunta Associação de Municípios do Vale do Ave (AMAVE).

Curiosamente, fala-se de quilómetros de ciclovias e de percursos pedonais mas as notícias não revelam o grau de recuperação da qualidade da água dum rio que, em parte do seu percurso, já foi considerado o mais poluído da Europa. Esse era o objetivo básico há vinte anos e a fruição do rio nunca será completa sem isso.

Entretanto, uma associação ambientalista apareceu a alertar para a necessidade de avaliação do impacto ambiental para o tipo de intervenções anunciadas, pois em muitos casos a paisagem é “diariamente agredida por inúteis passadiços, construídos onde frequentemente existem caminhos antigos”.

No mesmo âmbito, trazemos aos leitores o movimento “Viver o Ave”, com a ambiciosa missão de “proteger e conservar as suas águas, os seus múltiplos ecossistemas, da sua fauna e flora, do património edificado e cultural”. Conseguir congregar as várias autarquias da bacia do nosso rio para projetos coordenados nas zonas de fronteira, nomeadamente no que respeita aos caminhos antigos, já será um grande avanço. A falecida AMAVE morrerá outra vez, roída de inveja.

No domínio da proteção ambiental têm sido divulgadas algumas boas práticas de um município vizinho. Quando apresentamos, há algumas semanas, as árvores classificadas do concelho de Santo Tirso não conhecíamos ainda o projeto “Gigantes Verdes” do município de Lousada, que referenciou e identificou mais de 7 mil árvores de grande porte e prepara a criação de roteiros de visualização e reconhecimento. A proteção destes “gigantes” é um dos objetivos ambientais dum programa que contempla também a conservação de meios aquáticos, a vigilância e monitorização do estado ecológico dos rios e ribeiras e a inventariação de árvores e arbustos dos jardins históricos do concelho. Um modelo a adotar?

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