[Opinião] Bilhete para a Europa

Ana Isabel Silva CRÓNICAS/OPINIÃO

Viajante: Podes Ser Tu, Classe: Precária

Até ao dia 9 de junho, temos a oportunidade e obrigação de nos prepararmos para uma viagem que se avista longa, irá durar os próximos cinco anos. Enquanto fazemos as malas, é crucial refletirmos o que queremos levar na bagagem e o que ficamos felizes em deixar para trás. Assim por alto, diria que não entra na minha mala racismo, desigualdade ou crise climática. Também não quero ter como companhia de viagem os “super-ricos”, aqueles que defendem que “o lugar da mulher é em casa”, ou os negacionistas das alterações climáticas.

Nesta preparação temos de garantir uma organização da viagem que assegure o voto pela paz, que se levante contra o genocídio na Palestina e a invasão da Ucrânia, pela igualdade e pelo planeta. Aspiramos a um destino sem muros, com direitos iguais para todas as pessoas. Na nossa bagagem, levamos uma semana de quatro dias de trabalho, uma meta de neutralidade carbónica até 2040 e o fim dos offshores até 2025.

A viagem que temos de preparar é a eleição dos deputados do próximo Parlamento Europeu e o destino é a política que a Europa irá defender nos próximos 5 anos. No dia 9 de junho, faremos a transição para a Europa do futuro.

Temos alguns jovens a concorrer. A mensagem que querem passar é que representam os jovens Portugueses e Europeus. Mas pergunto: será suficiente ser jovem para representar os jovens? Para representar uma geração assolada por sucessivas turbulências e atrasos na sua viagem, a melhor preparação para uma nova viagem será a que lutar por uma nova governação económica, contra a austeridade, a favor da descontinuação dos subsídios aos combustíveis fósseis e dos offshores, e por um novo pacto de migrações, contra o ódio, racismo, guerras e militarismo. Alías, este mandato para o Parlamento Europeu será o mais decisivo para enfrentar as alterações climáticas e definir o nosso futuro.

Já alcançámos o direito ao descanso fora do horário de trabalho, mais direitos para os trabalhadores de plataformas como a Uber, a criação de um cartão de deficiência, a promoção da inovação e tecnologia, e o combate à pobreza energética. Contudo, ainda falta lutar por estágios pagos. Cada vitória é uma paragem na qual alguns eurodeputados tiveram um papel crucial.

Precisamos de garantir empregos para o clima, investir mais na ferrovia, promover energias limpas, uma Europa feminista, com liberdade para a comunidade LGBTQIA+, antirracista e com direitos para os imigrantes. Necessitamos de casas acessíveis, uma semana de trabalho de quatro dias e 35 horas semanais, mais apoio à saúde e educação públicas, e a libertação da Palestina e da Ucrânia do imperialismo (nem Rússia na Ucrânia, nem Israel na Palestina). Dizer não ao serviço militar obrigatório.

Esta linha de pensamento que seguimos atualmente conduz-nos a um abismo. Para evitarmos este destino, devemos mudar para a linha “Europa por ti”. Nesta linha, faremos o caminho para o futuro juntos, com paragens obrigatórias nas conquistas pela paz, pelo planeta e por uma vida digna. Este novo percurso substituirá 574 carros e 3 aviões, será movido a eletricidade renovável, e será mais confortável tanto para o passageiro quanto para o planeta.

Pedimos a todos os passageiros interessados em mudar de linha que se informem previamente sobre o cais de embarque a 9 de junho.

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