Dados revelados pelo Ministério da Educação a partir das notas dos exames nacionais comparam realidades muitas vezes incomparáveis entre escolas públicas e privadas, realidades socioeconómicas, muitos e poucos exames realizados, até características de diferentes disciplinas. Mergulhamos nos dados.
A Escola Secundária Tomaz Pelayo, em Santo Tirso, é novamente a melhor escola do concelho de acordo com os resultados dos exames nacionais obtidos no final deste ano letivo. A antiga escola industrial obteve um resultado geral médio de 13,17 valores nas 303 provas realizadas, superior ao alcançado no ano transato, surgindo no 55º lugar do ranking glocal das escolas e como a 8ª melhor escola pública do país.
Segue-se a Escola Secundária D. Dinis que obteve uma média de 12,71 valores nas 324 provas realizadas na instituição, superior ao obtido há um ano, ocupando o 86º lugar no ranking global. Segue-se a Escola Secundária D. Afonso Henriques, em Vila das Aves, que obteve um resultado médio de 12,08 valores nos 278 exames realizados, também superior ao ano anterior, encontrando-se no 197º lugar do ranking global das escolas.
Quanto ao ensino privado, o Colégio de Lourdes obteve a melhor média dos exames do final do secundário, com 14,03 valores, no entanto, não surge classificado por não ter atingido o limite mínimo de provas realizadas para a obtenção de dados. O Instituto Nun’Alvares (INA) obteve a média de 11,36 valores, surgindo no ranking no 368º lugar. Já em Riba de Ave, a Didáxis registou uma média de 10,69 valores nos exames, terminando no 492º lugar do ranking.
Mais do que números
Anualmente, a publicação dos rankings das escolas gera celeuma um pouco por todo o país por permitirem leituras simplistas, ao agrupar numa só listagem, realidades totalmente incomparáveis. Significa que a escola “x” é melhor do que a “y” por estar duas posições acima no ranking? Obviamente que não, até porque a formação de um aluno vai muito para além de uma nota de exame.
Contudo, os dados revelados no âmbito da divulgação dos rankings permitem mergulhar mais fundo no que realmente está por trás de cada nota obtida num exame. Para tal, cada escola tem uma ficha onde é possível não só verificar o número de provas realizadas, o que influencia tremendamente as médias, como o contexto socioeconómico onde está inserida. A partir daqui é possível traçar um retrato mais fidedigno daquilo que os resultados verdadeiramente significam.
O ranking de superação pretende precisamente equilibrar a balança e perceber que escolas conseguem superar a média esperada a partir do contexto socioeconómico e o número de exames realizados. A realidade de Santo Tirso acaba por ser um bom exemplo para este exercício.
A Escola Tomaz Pelayo afirma-se como a melhor escola do concelho em termos de resultados e confirma-o no ranking de superação, ocupando o 20º lugar a nível nacional, superando por larga margem os 11,86 valores de média esperada para obter 13,17. É também o agrupamento inserido no contexto socioeconómico mais “favorável”, de acordo com a classificação do Ministério da Educação, apresentando 83,80% dos alunos sem ação social escolar.
Este é o principal fator que distingue das outras duas instituições públicas do concelho (já que os dados socioeconómicos das privadas não são divulgados). Quer a escola secundária D. Dinis como a secundária D. Afonso Henriques estão inseridas em contextos classificados como “intermédios”, com 74,60% e 75,80% de alunos sem ação social escolar, respetivamente. Ou seja, com maior percentagem de alunos provenientes de contextos de baixos rendimentos.
No caso da D. Dinis, o ranking de superação é muito favorável, colocando a instituição inclusive à frente da sua conterrânea, na 19ª posição, ultrapassando os 11,39 valores esperados para obter 12,71. A D. Afonso Henriques também supera os 11,51 valores esperados pelas métricas, conseguindo 12,08 valores, ocupando assim o 108º lugar no ranking de superação.
Especificidade disciplinar
Quanto aos resultados alcançados a nível das disciplinas, os alunos da Tomaz Pelayo obtiveram 13,38 valores a português e 13,43 a matemática, enquanto na D. Dinis os resultados foram de 12,68 e 12,69, respetivamente. Na D. Afonso Henriques, por seu turno, foi onde se verificou maior clivagem entre os resultados às duas disciplinas centrais do currículo, com 13,28 valores a português e 10,75 valores a matemática.
Tópico muito debatido no âmbito dos rankings é a diferença entre notas internas e as notas dos exames nacionais, por influenciarem o acesso ao ensino superior, sobretudo entre a realidade de escola pública e privada.
Na escola Tomaz Pelayo, os 67 alunos que realizaram exame de matemática obtiveram apenas 0,7 valores do que a média interna, sendo que a português a diferença superou os dois valores. Na D. Dinis, a quebra verificada entre nota interna e nota de exame foi equilibrada nas duas disciplinas, fixando-se nos 2,15 a português e 1,57 a matemática. No caso da D. Afonso Henriques é novamente a matemática a marcar a panorâmica, com os 47 alunos que realizaram o exame a obterem menos 2,91 valores do que a média interna, enquanto a português a quebra cifrou-se nos 1,55 valores.
Ora, com apenas 11 provas realizadas a português e 17 a matemática, o Colégio de Lourdes obteve melhores resultados no exame de português do que a média da nota interna (16,40 para 16,30) enquanto a matemática houve uma descida de praticamente um valor (15,14 para 14,19). No Instituto Nun’Álvares, os 17 alunos que realizaram de matemática confirmaram as suas notas internas quase à décima, tendo obtido 15,16 valores no exame nacional.
De salientar ainda os excelentes resultados a economia na Tomaz Pelayo, com 15,28 valores, no top 20 nacional da disciplina; e na D. Afonso Henriques a Inglês e a Geografia, com 16,82 e 15 valores, respetivamente, encontrando-se no top 3 nacional na primeira e entre as vinte melhores na segunda disciplina.
Terceiro Ciclo
Os resultados dos exames do terceiro ciclo, colocaram novamente a escola Tomaz Pelayo a liderar as instituições do concelho com uma média global de 3,04.
Na verdade, a Escola da Ponte obteve um resultado global melhor, alcançando uma média de 3,16 valores, mas como não atingiu o limite mínimo de 55 provas realizadas, não foi posicionada no ranking.
Todas as restantes escolas ficaram abaixo dos três valores de média, ou seja, resultados negativos. Na Escola Básica de S. Martinho, a média foi de 2,90 valores; Negrelos ficou por 2,77 valores; em Vila das Aves foi 2,67; na D. Dinis, de 2,75; e na foi de 2,96 valores.
No ensino privado, o Colégio de Lourdes alcançou 3,83 valores, enquanto o Colégio de Santa Teresa de Jesus obteve 3,56 e o INA 3,36 valores.