[Opinião] A alternativa

CRÓNICAS/OPINIÃO João Ferreira

Numa das últimas intervenções enquanto membro do Comité Central, Odete Santos invocou o escritor Almeida Garret, exclamando contra a multiplicação das injustiças e o agravamento das desigualdades, «E eu pergunto aos economistas, políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?»

De lá para cá, de crise em crise, aumenta a convicção de que vivemos cercados por um sistema económico-social que só tem para oferecer a estagnação ou degradação das condições de vida da larga maioria que produz a riqueza social, por contraponto à acumulação desbragada de uma ínfima minoria abastada. Embora nunca se tenha produzido tanta riqueza como hoje, ela está manifestamente mal distribuída. Veja-se que, 5% dos mais ricos possuem mais de 42% da riqueza em Portugal, enquanto um quinto das pessoas (mais de 2,1 milhões!) estão em risco de pobreza, situação que, na região Norte atinge quase 19% da população.

Esta realidade, vista como injustificável por franjas maioritárias da população, conserva-se através da reciclagem de velhos argumentos por fortes mecanismos de propaganda. A oposição concertada das forças da direita, grandes grupos económicos, associações patronais que se mobilizam nos media para defender os seus interesses, absorvendo o espaço mediático, continuará enquanto existir quem pretenda levar a cabo mudanças estruturais ao nível da distribuição da riqueza, em benefício de quem trabalha (aumento geral dos salários, maior justiça fiscal, reforço dos serviços públicos). Desse modo, só uma força política organizada e independente, em estrita articulação com grandes camadas da população, o movimento sindical e associativo, poderá romper com a marginalização imposta. E a realidade é que o PCP (a CDU), é a força com maior enraizamento, organização e ligação ao movimento sindical e associativo, bem como à vida das populações.

Aqui, em Santo Tirso, foram os candidatos e os eleitos da CDU que estiveram junto da população, encabeçando a luta pela permanência do Hospital de Santo Tirso no SNS, e impedindo a sua privatização (o que se alcançou). Ainda o ano passado, perante o anúncio de fecho da maternidade do Centro Hospitalar do Médio Ave, lá estiveram os eleitos da CDU a mobilizar a população para preservar uma maternidade que dá resposta a 240 mil habitantes. Quando a população de Vilarinho desespera por vagas num lar que não existe, os eleitos da CDU intervém no sentido da criação de uma rede pública de lares. Quando os utentes duplicavam ou triplicavam os gastos para se deslocarem na Área Metropolitana do Porto, com diferentes títulos para autocarros, comboio e metro, os eleitos da CDU não desistiram ao longo de mais de 20 anos pela implementação do passe único. Quando as populações de Refojos de Riba de Ave ou São Martinho do Campo reclamavam pela reposição das freguesias, lá estiveram os candidatos e eleitos da CDU, em articulação com os movimentos populares, a promover abaixo-assinados e petições, assumindo o compromisso de lutar e intervir, onde essa seja a vontade da população.  

Ora, são os candidatos e os eleitos da CDU que estão frequentemente à porta dos locais de trabalho, nos transportes, a escutar os trabalhadores, e serão eles a dar-lhes voz pelos aumentos dos seus salários, pela redução do tempo de trabalho, pelo reforço dos direitos nos regimes por turnos e noturnos.

É por isso que cada eleito pela CDU conta para resistir e para defender avanços e conquistas.

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