[Opinião] “Golpe de asa”

CRÓNICAS/OPINIÃO José Manuel Machado

O relatório económico-financeiro da atividade da Junta de Freguesia de Vila das Aves confirmou exatamente aquilo que é por demais evidente aos olhos dos avenses. O retrato de mais um ano corriqueiro e falhado!

Os documentos de Prestação de Contas do ano de 2022 revelaram a total incompetência da Junta na utilização dos recursos financeiros destinados à prossecução dos objetivos a que se propôs e o sucessivo adiamento dos compromissos políticos que assumiu. Tanto na vertente económica como financeira, a documentação que foi apresentada na última Assembleia de Freguesia demonstra a falta de audácia para fazer mais e melhor. Preferiram aumentar o saldo da conta bancária em vez de fazer obra!

Mais uma vez as receitas arrecadadas voltaram a ser superiores às despesas executadas, pelo que, novamente, transitou saldo para o ano seguinte, que tão boa aplicação poderia ter tido, assim houvesse empenho e determinação em fazer o que tinham previsto.

De muito pouco vale a Junta de Freguesia lastimar-se que, para o desempenho da sua atividade, está totalmente dependente de receitas provenientes da Administração Autárquica e da Administração Central, porque, sucessivamente, nem sequer é capaz de utilizar a receita que arrecada. É que nem tão pouco os valores equivalentes às receitas próprias da Junta foram capazes de executar. Por falta de aplicação, o valor do saldo que transitou para o ano seguinte e o valor das receitas próprias são muito semelhantes. É um fracasso completo de que não há memória!

A Junta de Freguesia comporta-se como se de um aforrador se tratasse, com mais apego ao dinheiro no banco que em dar cumprimento às coisas mais básicas e elementares. Para o efeito basta observar que nem um cêntimo foi gasto no Amieiro Galego, na conservação de edifícios, na repavimentação de ruas, passeios e caminhos, ou nos parques infantis. No mercado foi utilizado menos de metade do montante previsto e no cemitério também quase nada foi despendido. Para estes dois espaços, onde foi manifestamente escassa a quantia de dinheiro aplicada para enfrentar os problemas neles existentes, a opção foi deixar engrossar a conta bancária.

O saldo de gerência que transita para o ano seguinte tem vindo sucessivamente a aumentar. Isto não quer dizer “boas contas”, significa sim que, ano após ano, vai ficando cada vez mais verba por utilizar e mais problemas sucessivamente adiados. São já cerca de 70.000 mil euros que neste mandato não foram gastos. Quantos metros de passeios ou de buracos nas ruas seriam possíveis consertar com este valor?          

Para justificar tamanha falta de desempenho na gestão das verbas ao seu alcance, a Junta de Freguesia apresentou uma nova desculpa. O aumento da inflação!

A insensatez desta justificação deixa qualquer um perplexo, mas foi com este “golpe de asa” que a Junta de Freguesia tentou descartar-se do embaraço de ter voltado a deixar para trás grande parte daquilo com que se comprometeu. A repavimentação da Rua D. Afonso Henriques foi a única obra a que dedicou atenção e nela se esgotou toda a sua competência para fazer algo mais em qualquer outro local da Vila.

Relativamente ao Inventário dos bens afetos à Junta de Freguesia, documento que também foi apresentado na última Assembleia, continuam a persistir erros, falhas e omissões no cadastro do património, algo que já foi denunciado no ano anterior, mas a Junta continua a fazer vista grossa! Mantem-se a falta de rigor e ainda várias inconformidades legais. Não constam as alterações, os acréscimos e os abates a que foram sujeitos alguns dos bens e equipamento. No ano passado a junta declarava ter o que nunca teve, nomeadamente 37.000 euros em “Papiros”! Este ano continua a não declarar, classificar e avaliar muito património. Um ano depois continuam por expurgar os erros no Inventário.

Também nesta matéria ficou evidente que não há “golpe de asa” capaz de disfarçar a incapacidade e a preguiça que sobressai de tudo isto.

Podem enganar toda a gente durante um certo tempo, podem mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo, mas não será possível enganar sempre toda a gente!

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