[Editorial] Direito à segurança. Direito à paz.

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

1 Celebrar o dia da criança deverá corresponder sempre a uma nova afirmação dos seus direitos. E dos direitos humanos, em geral. Direitos cuja definição foi feita pela Organização das Nações Unidas numa perspetiva de fundamentar a liberdade, a justiça e garantir a paz. Aliás, a própria organização nasceu para “salvar as gerações futuras do flagelo da guerra”.

A missão está por cumprir pois não se vê como parar mais uma guerra, que já leva três meses de morte e ruína e irá ter efeitos catastróficos para milhões de pessoas em todo o mundo, afetando os seus direitos fundamentais.

Mas não é só a guerra que atenta contra os direitos humanos. As crianças vítimas do tiroteio na escola de Uvalde, nos Estados Unidos, não viram respeitado o seu direito à segurança e à vida porque um outro direito, o de adquirir e possuir armas é defendido com unhas e dentes por muita gente naquele país. Sem regulação, o perigo é real e os atentados sucedem-se.

Afinal, é fácil encontrar nisso semelhanças com a guerra. Um país, com todo o direito, arma-se para se defender. A evolução tecnológica acrescenta poder às armas existentes e cria outras ainda mais poderosas. Sem regulação, um pretexto fútil, uma ameaça imaginada em mente conturbada ou uma qualquer mania de grandeza, fazem crer a quem detém o poder das armas que vai atacar como forma de defesa, espezinhando direitos, leis, convenções e compromissos. E a guerra só acabará com a vitória ou com a exaustão. Ou por imposição de um contendor mais poderoso, se o houver e quiser arriscar a escalada da destruição total.

As declarações dos direitos humanos e dos direitos das crianças não surtiram efeito, como se constata pelas notícias que nos chegam de tantos lados. Não criaram um clima de exigência de paz e igualdade entre os povos. Não desenvolveram uma cultura e um sentimento forte contra todo o tipo de armamento e contra a guerra.

E a ameaça de uma catástrofe nuclear que dinâmica desta guerra tem implícita arrasa todas as esperanças de mudança. Caberá aos sobreviventes recomeçar tudo de novo.

2 Dois eventos com livros terão lugar proximamente no Centro Cultural Municipal de Vila das Aves e deles encontrará notícia nesta edição do Entre Margens: o lançamento de um novo livro de poemas de João Filipe, no próximo dia 9, e a apresentação (que a pandemia retardou) do livro de Adélio Castro intitulado “Entre Margens”, que reúne as crónicas publicadas pelo autor neste jornal entre 2016 e 2019 e que terá lugar no dia 15.

O jornal Entre Margens é, para ambos os autores e de há muito, um comum lugar de escrita. E, na sua formação literária, ambos reconhecem o papel que teve a Biblioteca Gulbenkian que funcionou em Vila das Aves durante décadas. Haverá, atualmente, menos frequentadores de bibliotecas e menos leitores de jornais. Mas a disponibilidade de livros e de jornais é muito mais vasta. E se a assinatura do jornal ou a aquisição de um livro não representam, de modo geral, uma despesa incomportável, há que usufruir das oportunidades de que temos.

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