Como vai ficar Portugal depois de domingo? Destas eleições vai sair um ciclo político curto ou conseguiremos chegar ao fim da legislatura? O PS viabiliza um Governo da AD para impedir o Chega de entrar no poder? A AD deixa o PS governar em minoria?
Estas são as questões que temos mais vezes analisadas e sobre as quais os candidatos mais tem falado.
Estas eleições foram precipitadas e como ninguém estava a contar com elas, parece que ninguém estava preparado para ser candidato e ninguém estava preparado para escolher; só assim entendemos a elevada percentagem de indecisos a uma semana das eleições (18% nas mais recentes sondagens).
Ao mesmo tempo vemos candidatos muito pouco preparados sobre os temas, e o Pedro Nuno Santos (PNS) é claramente alguém que não estava a contar com isto tão cedo. A prova mais cabal é que o António Costa e o PS, quando foram ao PR apresentar uma solução de continuidade levaram o nome de Mário Centeno e não o PNS. Isso quer dizer muito.
Compreendo o elevado número de indecisos nesta fase da campanha: as pessoas não reconhecem em nenhum candidato a confiança nas suas capacidades. Não se trata de uma questão ideológica, mas sim da capacidade de colocarem em prática o que dizem ou de terem a visão clara do que realmente é preciso fazer.
O PCP está no seu cortejo fúnebre, vítima da sua incapacidade de regeneração, o Bloco entrou numa espiral demagógica e só quer casar com PS, (a avó da Mortágua matou a credibilidade do Bloco). O Livre é a única esquerda que tem apresentado propostas e trazido temas importantes para o debate, mas muitas das suas propostas são de laboratório (são boas conceptualmente, mas sem capacidade real de aplicação). Do Chega já falei aqui no mês passado e dispensa mais comentários. Por outro lado, temos o PS e AD que tentam caçar o voto útil dos seus satélites, mas que muitas vezes não conseguem passar a mensagem de reformismo e ideia de futuro que as pessoas querem ouvir.
Surgem casos de campanha e quando falam de imigração, falam logo se queremos mais ou menos imigrantes. O ponto não é esse, mas antes como os queremos, e que condições temos para lhes oferecer, se somos capazes de terminar com as redes de trafico e exploração. Nada disto foi falado na campanha.
Quando falamos da sustentabilidade da segurança social, apenas se fala se aumentam ou cortam reformas (eu percebo que os pensionistas são uma franja grande do eleitorado), mas ninguém fala de políticas de natalidade, que potenciem a inversão de sermos o pais da Europa com a mais baixa taxa de natalidade.
Os temas internacionais que nos afectam, tais como a guerra na Europa e em Gaza, bem como o impacto que as eleições nos EUA podem ter na defesa da Europa e o que vão fazer em relação à política de Defesa nacional, nada disto foi falado e será muito do que nos vai afectar no futuro.
A campanha tem andado muito em torno de problemas importantes, como saúde, educação e habitação, mas sem grandes propostas estruturais, embora elas estejam nos programas eleitorais dos partidos, mas não se discutem de forma estrutural.
O que temos em causa é uma esquerda que quer continuar a arrecadar impostos à classe média (cada vez menos média) quer continuar a sufocar as pequenas e médias empresas (maior parte do tecido empresarial) para atender a todas a reivindicações e mais algumas que garantam votos, sem saber quanto isso custe no futuro.
Independentemente de quem escolha o importante é ir votar.