[Opinião] Galambices e Gestão à Tio Patinhas

CRÓNICAS/OPINIÃO Rui Baptista

1Nas últimas semanas a política em Portugal esteve agitada, infelizmente a discussão política não é sobre as questões que importam ao nosso dia-a-dia.

Este Governo decidiu nacionalizar a TAP apenas por ímpetos ideológicos e, hoje vemos que não tinham um plano estratégico para a empresa.

A Comissão de Inquérito colocou a nu aquilo que já sabíamos. Temos um Governo de impreparados, inconscientes e irresponsáveis. Gerem o país e o dinheiro dos contribuintes com um único propósito: manterem-se no poder.

Desde que este Governo tomou posse, com uma confortável maioria, que só há trapalhada, parece um conjunto de miúdos que estão sozinhos em casa. Ainda não saíram de uma trapalhada e já se meteram noutra.

A mais recente polémica com o Ministro João Galamba vem evidenciar o mais comezinho pensamento político. É certo que António Costa tem um tacto político inigualável, mas usa essa qualidade para trucidar ministros em prol da sua sobrevivência.

A não aceitação da demissão de João Galamba deixa mais um mártir a arder na fogueira da TAP enquanto ele se vai mantendo ileso desta tempestade. O Galamba será o novo Cabrita. A questão é: que politico aceitaria continuar ministro nestas condições? Um que goste mais do poder do que a sua própria dignidade pessoal e política.

O Primeiro-ministro usou a demissão do ministro para mandar um recado ao Presidente da República e às suas ameaças de dissolução do Parlamento, como quem diz: demite se tens coragem. Depois disto teremos um Presidente da República e um Governo em coabitação cínica.

Aquilo que estamos a assistir é o resultado da pouca exigência que o eleitorado tem para com os políticos o que leva a que só mesmo estas pessoas sem história fora das lides políticas aceitam participar.

O que é de lamentar é que estamos com problemas estruturais, que deviam ser resolvidos a pensar nas próximas gerações: educação, justiça, habitação, e com uma maioria no Parlamento e o dinheiro do PRR, este Governo tinha todas as condições para o fazer.

Mas constatamos que eles não fazem, não porque não o queiram, mas porque não sabem mesmo fazer. O mais triste nisto tudo, é que é este pântano político serve de ambiente para crescer o Chega.

2Um apontamento sobre as contas da Câmara Municipal que foram apresentadas e aprovada na última Assembleia Municipal.

O PS congratulou-se com o resultado apresentado, onde a Câmara em 2022 teve um resultado transitado para 2023 de 6,3 milhões de euros. Se fosse uma empresa era um resultado altamente positivo, mas sendo uma Câmara fica a questão: não seria desejável que uma parte significativa deste valor fosse investido para a melhoria da qualidade de vida das pessoas?

Estas contas mostram que a gestão do município é feita mais a pensar no dia-a-dia do que no longo prazo.

Estamos a viver uma crise da habitação grave a nível nacional e, Santo Tirso também sobre deste problema com falta de oferta de habitação. Investir em habitação a custos controlados ajudaria a fixar popular e, a longo prazo teríamos ganhos para o município com fixação de população jovem.

Um exemplo onde parte deste valor poderia ser investido são as necessidades básicas que o nosso concelho sofre, desde a rede viária até aos serviços de saneamento por exemplo. Neste último, Santo Tirso ainda está muito longe da média nacional com 85% das habitações servidas por saneamento básico, e a Área Metropolitana do Porto com 89% e santo Tirso tem apenas 61% (dados 2020 na Pordata).

Esta gestão à “tio patinhas” não acrescenta valor num concelho onde ainda temos muito por fazer.

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