ATUALIDADE

Candidata do Bloco de Esquerda apresenta o partido como sinónimo de ‘mais escrutínio e exigência’ nas discussões políticas tirsenses. Emergência climática e habitação são eixos diretivos da candidatura.

Rua das Duas Igrejas, Sequeirô

É a primeira candidatura do Bloco de Esquerda aos órgãos autárquicos e usa a juventude na lapela. Ana Isabel Silva foi a escolha ‘muito natural’ para representar os bloquistas na corrida à Câmara Municipal. Sem experiência política até agora, mas com a intenção ‘chegar a mais população e conhecer mais realidades’ traz para cima da mesa temas que diz não serem discutidas no município, nomeadamente, as alterações climáticas ou as questões LGBTQIA+.

A Igreja de Sequeirô foi o local escolhido pela candidata para realizar esta entrevista. A escolha não foi às cegas. A antiga freguesia de Sequeirô, agora pertencente à União de Além-Rio sofre exatamente dos problemas que pretende acabar: a falta de saneamento e transportes. Acima de tudo, foi aquela freguesia ‘um bocadinho esquecida’ pela outra margem do rio que a viu crescer e a quem sente sempre pertencer.

O Bloco é estreante em eleições autárquicas em Santo Tirso. O que pode o partido trazer de novo ao espectro político tirsense?

A presença do Bloco é sinónimo de mais escrutínio e de maior exigência naquilo que são as decisões e as votações. Temos colocado em cima da mesa alguns assuntos que achamos que não têm sido muito falados na nossa cidade, nomeadamente, a questão ambiental ou com a proposta para um plano municipal LGBTQIA+.

Depois, uma coisa que eu espero trazer de novo é um escrutínio a esta subserviência aos grandes industriais da nossa cidade. Somos uma cidade de operários e durante muito tempo assumiu-se a história têxtil como apenas dos grandes industriais. Queremos mudar isso. É inacreditável que um partido denominado socialista tenha esta subserviência aos grandes interesses e que nunca olhe para a memória daquilo que foi o passado têxtil na ótica dos operários.

Esta não é a primeira vida do BE em Santo Tirso. O que mudou nos últimos anos para que fizesse sentido que o Bloco voltasse a ter representação concelhia?

Não consigo explicar, na verdade. Como disse a Catarina Martins na apresentação da candidatura, podemos ‘já vir tarde’, mas esta é uma candidatura de pessoas de Santo Tirso. Jovens que já perceberam que este sistema não serve, muito preocupados com as alterações climáticas, com a crise habitacional e que já não se revêm no conservadorismo que sempre lhes impuseram. Assumem que temas como a liberdade LGBTQIA+ e a igualdade de género não são discussões para se ter só no Porto ou em Lisboa. Uma geração que vai mesmo mudar aquilo que é a política nacional e municipal também.

Porque sentiu necessidade de se apresentar a votos e avançar para um cargo como o de presidente de câmara?

Foi uma decisão deste grupo. Formamo-nos em 2017, já depois das autárquicas, desde então temos feito um trabalho ao longo neste tempo. Começamos a perguntar-nos se teria que ser sempre assim? Porque tem que ser sempre este tema e estas pessoas? Percebemos rapidamente a resistência às nossas ideias e às nossas perguntas por parte dos dirigentes atuais. Existe uma prepotência do ‘poder é nosso’, do ‘quero, posso e mando’, daí que sentimos a necessidade de concorrer.

Quando a candidata Ana Isabel Silva olha para o concelho, o que lhe salta à vista?

Quando penso em Santo Tirso penso muito no trabalho. Esse empenho que as pessoas têm no trabalho. Eu gosto mesmo de viver em Santo Tirso. É uma cidade bastante grande, mas que mantém aquela sensação de pertença. O ponto mais negativo é parecer que em algumas coisas parou no tempo. Na parte cultural, na parte desportiva, no facto das pessoas da minha idade não estarem a ficar em Santo Tirso. Isso preocupa-me muito.

É natural de Sequeirô, antiga freguesia que pertence atualmente à união do Além-Rio. Com o assunto da desagregação de volta à ordem do dia, será benéfico para as populações voltar à independência do passado?

O grande problema dessa lei é que foi feita a régua e esquadro e a política não pode ser feita assim. Há histórias a que as pessoas estão agarradas, há realidades geográficas diferentes, por isso o que defendemos é que para essa decisão ser tomada, as populações têm que ser ouvidas. Não pode ser o presidente de junta a decidir isso sozinho.

Nesta primeira expedição autárquica, o BE vai conseguir apresentar-se a todas as assembleias de freguesia ou vai focar-se nos órgãos municipais?

Não vamos conseguir apresentar candidatura a todas as freguesias. Só faz sentido apresentarmos candidaturas, se forem protagonizadas por pessoas que conheçam a realidade e que lá façam a sua vida. Mesmo que não consigamos concorrer a todas as essas freguesias, vamos ter no nosso programa propostas para elas. Se estamos a concorrer a nível municipal, temos que ter um projeto que abarque todas as freguesias.

Com que expectativas parte para este processo eleitoral?

Parto com duas expectativas: conseguir ter mais propostas, chegar a mais população e conhecer mais realidades. Vou fazer tudo para merecer a confiança das pessoas. Sou uma pessoa nova na política autárquica, mas tenho a certeza que durante este processo vou ganhar a confiança dos tirsenses.

[Ler a Entrevista Completa na Edição 675 do Entre Margens]

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