[Editorial] Notícias sobre notícias

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

1As principais notícias desta semana referem a devastação causada pelos incêndios ocorridos no centro e no norte do país. A combinação de fatores como vento, temperatura, humidade e muito material extremamente seco nas matas provocou o desastre. Louvemos a disponibilidade e generosidade dos bombeiros e prestemos homenagem aos que pereceram na sua nobre missão. Cumpre-nos, como nação, manifestar a gratidão aos bombeiros apoiando de forma efetiva as suas corporações e, individual e coletivamente, proceder no sentido da prevenção contra os riscos.

2Foi notícia, aqui no Entre Margens, em maio de 2023, a celebração de um acordo entre a Câmara Municipal e a empresa Efimóveis para a construção da terceira fase do empreendimento Jardins de S. Miguel. Numa época em que se fala, a toda a hora, da falta de habitação acessível e se anunciam facilidades no apoio ao financiamento da aquisição de habitação própria, era bom que a notícia tivesse consequências e a obra concretização. Mas, quase ano e meio depois, ainda não aconteceu nada. Ou, no mínimo, nada que se saiba.

Ter acessível o arquivo do jornal permite comprovar que esse empreendimento, que foi notícia em maio de 2023, já tinha tido cerimónia pública de lançamento de primeira pedra em 2009. Basta abrir o Entre Margens de 8 de abril desse ano e ler que a inauguração simbólica das duas primeiras fases do empreendimento Jardins de S. Miguel teve então pompa e circunstância. E que foi inaugurada a rua e benzida e lançada a primeira pedra da terceira fase.

Sabemos que, no caso concreto, o empreendimento é uma iniciativa privada com apoio de instituto do estado (custos controlados). A notícia do ano passado sugere que o promotor privado procurou o empenho e compromisso da autarquia para poder avançar. Quais serão os obstáculos existentes? O processo emperrou na câmara ou no Instituto da Habitação? Com azar, o promotor até pode estar à espera de ambos.

3Em outubro de 2023 a notícia de capa do Entre Margens anunciava o “tiro de partida para a reabilitação urbana do centro de Vila das Aves”, “desvendando” no interior, um calendário previsional para tal desiderato.
Anunciava-se que a obra da rua João Bento Padilha estaria no terreno em janeiro passado. Começou de facto agora, em setembro, com previsão de oito meses até à conclusão. Assim seja.
Nesse mesmo calendário a intervenção na Avenida 4 de Abril teria projeto em janeiro e a respetiva obra estaria no terreno no segundo trimestre. Não aconteceu, desconhecendo-se os motivos. A apresentação do projeto da rua Silva Araújo (2ª fase) e do projeto do Largo da Tojela ainda pode acontecer, porque o segundo semestre do ano corrente ainda está a meio. Mas parece pouco provável.

Seria pertinente que o lançamento das notícias fosse mais consoante o calendário das concretizações e menos com o calendário das intenções e das promessas, que, aliás deveria ater-se à campanha eleitoral, convenientemente precedida de um balanço esmiuçado das promessas da campanha anterior.

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