[Crónica] Pode Alguém Ser Quem Não É?

CRÓNICAS/OPINIÃO Fátima Pacheco

Ainda se continua a discutir no Congresso brasileiro os atos violentos do dia 8 de janeiro de 2023. Culpados, procuram-se! Infelizmente, e apesar das televisões mundiais mostrarem a evasão dos Palácios dos Três Poderes e a depredação a que foram sujeitos, ainda há políticos que defendem as ações das pessoas que as concretizaram e quem financiou. A discussão na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) anda num vai e vem sendo que os responsáveis políticos tentam culpar os ofendidos e agredidos.

Mas este não é o único escândalo, porque apenso a estas questões e à medida que as investigações vão avançando, aparecem outras causas a esclarecer. Como o ilusionista que tira da cartola muito coelhos, vão saindo dos inquéritos joias e mais joias de valores incalculáveis que foram recebidas pelo estado brasileiro e que, silenciosamente, foram surripiadas com a desculpa de serem presentes de “natureza pessoalíssima”. Ora, eram tão pessoais que foram vendidos, recomprados e alguns nem se conhece o destino. Tanta era essa pessoalidade que se presume possam ter sido trocados por “valores em espécie”.

Como disse Nietzsche: “Todo homem tem seu preço (…) para cada homem existe uma isca que ele não consegue deixar de morder.” E o preço não se restringe a itens como o dinheiro, há iscas relacionadas a poder, amor, fama… Se a pessoa morde essa isca dá a conhecer seu verdadeiro caracter. E assim, não é o preço que determina o homem, mas a isca que ele morde. A política e o poder que ela imana permite que cada cidadão se aperceba do caracter dos seus representantes. É importante que todos tenhamos consciência que ninguém está acima do bem e do mal, todos temos defeitos que precisamos corrigir. Saibamos, nos momentos próprios, separar o trigo do joio para que nunca nos arrependamos das nossas decisões. Não deixemos que pessoas com pouco caracter nos possam representar em lugares de importantes decisões.

E como pode alguém ser quem não é continuo com a esperança de que o futuro seja sempre melhor do que vivemos hoje.

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