[Editorial] O parque, o comboio e o metro

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

1O Parque do Verdeal abriu finalmente ao público. Parcialmente, é certo. Mas a verdade é que já vinha sendo usado por muita gente e até abusado, como comprova por inúmeras inscrições e grafitis já existentes e por algum lixo disperso. Por outro lado, o aspeto relativamente descuidado de algumas das árvores plantadas e do relvado face à seca atual revela a necessidade de fazer funcionar a rede de rega, pelo que se espera atenção imediata dos serviços de jardinagem, para que não se percam árvores e arbustos que esperamos ver crescer e tomar forma e o verde dos relvados.
Também se espera que seja cumprido o protocolo que a Câmara Municipal celebrou há anos com a IP (Infraestruturas de Portugal) sobre o uso do edifício da estação, de forma que este, para além de servir condignamente os utentes dos comboios, possa também servir de apoio ao parque. E, já agora, que o espaço exterior da estação possa também ser alvo de um mínimo de atenção.

Recorde-se que, apesar da promessa, nunca foi apresentado publicamente o estudo prévio e o projeto do parque, pelo que nunca foi possível debater o programa, que teve e deixou de ter valências diversas. Esquecendo isso, seja-nos permitida a fruição do parque e a vista do rio, já que o acesso ao mesmo é inviável.
A curiosidade levou-nos a procurar e encontramos no site da Faculdade de Ciências do Porto o estudo prévio e o projeto de execução. Foi aí que pudemos ter um vislumbre do possível significado dum pórtico de betão construído no patamar inferior. No estudo prévio lê-se: “também foi projetada a ligação do antigo moinho” e no projeto refere-se “peça escultórica em betão a pormenorizar na obra”. O pórtico indicará o caminho para que um dia o “engenho” esteja integrado no parque?

2Numa nota de imprensa recente, o PSD concelhio levantou a voz contra o presidente da câmara afirmando que este “rejeita ligação de metro até Vila das Aves” e denunciando ser essa posição “uma falta de visão estratégica gritante”.
No mesmo documento, garante o PSD que sonha executar esta e outras obras importantíssimas para o desenvolvimento económico e social do município.
Como tivemos a sorte de a Linha de Guimarães não ter sido pura e simplesmente riscada do mapa (como foi a ligação até Fafe) e de ter havido uma oportunidade de investimento na renovação e eletrificação (o futebol do Euro 2004 terá dado uma mãozinha), estamos servidos com ligações suburbanas de comboio à Área Metropolitana, via Trofa.
Com o Metro do Porto a chegar à Trofa, teríamos mais rápidas e mais fáceis e mais frequentes ligações à Maia e Matosinhos e zona ocidental do Porto.
Por isso, numa perspetiva intermunicipal, exigir que a empresa do Metro do Porto construa a prometida extensão do Castêlo da Maia até à Trofa é de todo o interesse para a cidade de Santo Tirso e para a Vila das Aves, na condição de que a linha termine na estação de caminho-de-ferro da Trofa, fazendo aí interface com a Linha do Minho e a Linha de Guimarães.
O apoio ao vizinho município da Trofa em sede da Área Metropolitana na concretização da chegada do metro à Trofa deve fazer parte dos objetivos estratégicos de Santo Tirso.
Projetar trazer o metro para aquém da Trofa não parece sensato nem razoável. 

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