[Opinião] Via sacra quaresmal

CRÓNICAS/OPINIÃO Rui Baptista

Estamos em pela Quaresma e a chegar ao fim do primeiro trimestre de 2023. Como se diz em latim: “tempus fugit”, o tempo foge, sem darmos por isso, o ontem já é um passado longínquo e o futuro rapidamente se torna presente. É um facto que todos constatamos e que por vezes se torna castigador. Ficamos com a sensação que envelhecemos rapidamente, não vivemos as coisas com a calma que gostaríamos e parece que a vida nos foge dos pés.

Mas não é só castigador para aqueles que não querem ver a idade a avançar e os filhos a deixarem de ser meninos, é ainda mais castigador para quem tem de trabalhar para a comunidade a pensar no futuro.

É caso para dizer que os nossos autarcas estão a deixar o “tempus fugit”. Após 18 meses deste novo mandato autárquico, ou seja, mais de 25% do total já percorrido, não temos nem 10% do programa eleitoral cumprido.

Há muito que digo que este executivo da Junta tem boas intenções, mas não pensa a longo prazo, pensa a médio e curto prazo, não consegue concretizar as mudanças que a freguesia precisa.

Só agora, é que a grande bandeira desta Junta, a abertura do antigo Infantário, vai avançar para as obras. Esperando que se cumpram os 180 dias, a correr bem, apenas no final do ano, já depois do início das aulas em setembro, é que poderá abrir. Se a grande prioridade do Executivo demorou seis anos a concretizar-se, imaginemos o resto.

Após 5 anos e meio desta Junta vemos que o “tempus fugit”, mas não tivemos investimentos e mudanças dignas desse tempo.

– O Amieiro Galego em nada foi rentabilizado, a não ser com umas casas de banho completamente deslocalizadas dos pontos nevrálgicos do parque. Nem no verão houve um bar de apoio.

– A Quinta do Verdeal afinal era em janeiro, mas não sabemos quando teremos esse parquinho na nossa terra e podermos ir a pé à nova loja de chineses do outro lado do rio (deve ser para isso que serve a ponte que fizeram);

– Cemitério: intervencionaram o muro e muito bem, mas até ao momento não temos nada sobre o seu futuro, se vai ser ampliado, quando e para onde. Estão à espera que entre em ruptura e depois faz-se qualquer coisa a correr.

No Mercado nada aconteceu, a não ser a passagem da política de desmatamento que esta acontecer nas Aves: tudo é que é arvore, corta-se. Parece que estamos a ser governados pelo Bolsonaro e a sua política de desmatamento da Amazónia.

– Quinta dos Pinheiros e Junta de Freguesia: aqui é o corolário da falta de pensamento. Há muito que se sabia que o terreno ia reverter para Junta, por que não começar a trabalhar em ideias para o espaço e analisar o que já estava feito? Por que não trabalhar em conjunto com os Bombeiros e fazer um projecto global? Nada disso, vamos esperar que o tribunal diga que é nosso, depois fazemos um encontro na Junta para as pessoas darem ideias e depois… logo se vê? No que toca à Junta antiga, então, o vazio é total. Fiquei contente por ler que as pessoas que foram a essa sessão deram ideias concretas e úteis, pena é que nada seja pensado como um todo.

O que se fez em 5 e meio? Alguns passeios, algumas ruas e muito bem, mas isso é muito menos do que se fez até 2017 e com uma diferença: esta Junta recebe, aproximadamente, da Câmara Municipal seis vezes mais do que recebiam os executivos anteriores.

Deixo que esta reflexão, visto que estamos na Quaresma, podemos percorrer as ruas da nossa vila como se fosse uma via sacra até ao calvário e reflectirmos porque é que se mudou? Estamos melhores? Estarmos nesta inercia é a nossa penitencia.

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