[Editorial] A solução ponderada de um problema delicado

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

Nesta edição do Entre Margens damos destaque aos documentos que a direção do Clube Desportivo das Aves colocou à apreciação dos associados em reunião de esclarecimento realizada no passado dia 30 e que vai levar a votação na assembleia geral a realizar no próximo dia 15.

São bem conhecidos os problemas criados pela insolvência da SAD do Aves. O clube ficou impossibilitado de inscrever quaisquer equipas de futebol nos campeonatos em que tinham ganho o direito de participar. E essas sanções desportivas, originárias da FIFA e relacionadas com dívidas da SAD a alguns atletas, foram posteriormente alargadas ao CDAves1930, criado para contornar essas sanções e que ficou também sem possibilidade de inscrever atletas.

A via da contestação nos tribunais, baseada na presumível ilegalidade da aplicação automática de tais sanções, é assunto para durar anos e não resolve os problemas do momento. O bloqueio das inscrições tornou impossível o funcionamento de todo o sistema, da base até ao escalão sénior.

O que está agora em cima da mesa e espera o aval dos sócios não é uma nova aventura na selva das sociedades anónimas desportivas. Pela forma e pelo conteúdo, tal como foi apresentado e explicado na já referida reunião, houve muita ponderação que resultou numa proposta equilibrada. Desde logo por colocar fora de questão qualquer tipo de participação ativa numa sociedade desportiva. E como o Clube Desportivo das Aves é detentor de um património imobiliário valioso cuja salvaguarda e manutenção têm que ser feitas com zelo e prudência, qualquer solução para viabilizar a atividade do clube tem de ter isso em conta.

Os responsáveis da sociedade desportiva com quem o Aves assinou o contrato que se tornará válido uma vez aceite pela Assembleia Geral do Clube, adquiriram a quota da União Desportiva Vilafranquense e por isso são donos de 100% dessa sociedade. E vieram à procura de instalações de futebol, de modo a ter um estádio e demais instalações onde desenvolver o seu projeto de futebol profissional e de formação.

O Clube Desportivo das Aves, bloqueado que está para o futebol de onze, cede as suas instalações por arrendamento à SAD, por um período de 10 anos, prescindindo, nesse período, do futebol. O arrendamento permite que o património afeto a esta atividade continue a ser utilizado, estimado e melhorado pelas obras que o arrendatário irá fazer, não só porque o contrato assim determina mas também porque as exigências federativas para a competição profissional são implacáveis e a isso obrigarão.

Além disso, a solução desbloqueia a formação e participação desportiva das crianças e jovens da região, colocando o património a servir os fins últimos da sua construção.

Fazer previsões é sempre arriscado mas é muito animadora a visão de que, dadas as circunstâncias, se afigura uma solução aceitável capaz de obter o aval dos sócios.

Registe-se também que o facto de a nova sociedade se comprometer a adotar um nome que tenha referência à Vila das Aves é um sinal positivo e que esta solução tem potencial para várias formas de interação com o tecido social e económico da região.

Dar condições especiais aos sócios do Aves para acesso aos jogos também é um ponto positivo. Mas a vantagem maior poderá ser dar tempo ao tempo para que se criem as condições para que o Desportivo das Aves não só sobreviva como possa ressurgir, a prazo, em plenitude.

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