[Opinião] Pregar aos Peixes!

CRÓNICAS/OPINIÃO José Manuel Machado

Na penúltima segunda-feira, dia 13 de junho e de Santo António, pelas 21:00 horas, teve lugar uma reunião da Assembleia de Freguesia de Vila das Aves. Tal como facilmente se pode depreender, essa sessão contou com escasso número de presenças entre o público, cinco avenses, comigo incluído.

Se o objetivo era “Pregar aos Peixes”, então este foi alcançado!

Bem sei que também foi em dia de Santo António, mas em 1654, numa época em que os pregadores concentravam em si todas as atenções e os sermões tinham peso mediático na sociedade, que o Pe. António Vieira proferiu, no Maranhão, Brasil, um sermão construído em forma de alegoria, dirigido aos peixes quando, na verdade, falava era para aos homens. A sua obra tem uma inquietante contemporaneidade!

Mas como está bom de ver, na Assembleia de Freguesia de Vila das Aves, nem bons pregadores, nem peixes, e público muito menos, até porque, quer o Presidente da Junta quer o Presidente da Assembleia não se esforçam por motivar a mobilização dos avenses, sobretudo este último que, embora tendo mais algum peso mediático, não consegue motivar quem quer que seja a estar presente nas assembleias, em virtude das datas e horas a que estas ocorrem. Porventura a sua condição de funcionário municipal não lhe permita despender do tempo adequado para agendar, organizar o expediente, cumprir e fazer cumprir as boas práticas políticas. De pouco adiantará copiar a ideia das assembleias descentralizadas porque, fazer peregrinar as assembleias de freguesia por diferentes locais de devoção socialista, não é suficientemente desafiador para a sociedade avense em geral. A menos que o objetivo seja, efetivamente, continuar a pregar para os peixes e, nessa circunstância sugiro, desde já, o futuro Parque do Verdeal, cuja ponte permitirá uma panorâmica avassaladora sobre os ditos…

Na última assembleia, os cinco avenses entre o público, tomaram conhecimento da inatividade da Junta de Freguesia de Vila das Aves, no período compreendido entre abril e junho.

Inatividade, sim leu bem! Não foi erro. Nem um milímetro de passeio novo ou restaurado, nem uma rua nova ou concertada. Apenas mais buraco novo que, entretanto, abriu aqui ou ali…

“Na Assembleia de Freguesia de Vila das Aves, nem bons pregadores, nem peixes, e público muito menos, até porque, quer o presidente da junta, quer o presidente da assembleia não se esforçam por motivar a mobilização dos avenses”

A “Res Publica”, a “coisa pública” continua sequestrada pela incúria e pelo desleixo. Não sei se em virtude do desacerto dos relógios do edifício da junta ou por extrema falta de diligência já se chegou ao ponto de manter a rega ligada muito para além das 9:00 horas da manhã, no jardim da Alameda Arnaldo Gama. Na mesma zona, o concerto das grades nas imediações da rotunda de S. Miguel foi um verdadeiro desastre porque, durante os dois dias em que ocorreu a intervenção ninguém da junta quis saber de acompanhar o serviço. A peripécia de tão bizarra que foi torna-se inenarrável neste artigo, porque para concertar algumas grades, deixaram outras muito pior. Para melhor compreensão recomendo uma visita ao local.

Claro que, por todos estes e demais motivos, é politicamente muito conveniente que as assembleias de freguesia não tenham visibilidade ou assistência, de forma presencial ou online. É algo que favorece a manipulação das atas que, neste momento são um terreno fértil em falta de rigor, omissões, erros, distorções e violações escandalosas do Regulamento Geral de Proteção de Dados – RGPD. Chegamos ao ponto de serem tornados públicos os endereços pessoais de correio eletrónico resultantes da troca de correspondência entre membros da Assembleia de Freguesia e o seu presidente.

Também no envio de correspondência eletrónica, é pratica corrente esse envio ocorrer de forma tão descuidada, que chega ao cúmulo de expor ao conhecimento de todos, o endereço eletrónico pessoal de cada um dos destinatários, mesmo com todos os avisos legais!

Tudo isto revelador do total alheamento do Presidente da Assembleia de Freguesia, um jurista de formação.

O mesmo que também remete, ou deixa remeter, na ordem de trabalhos documentos com erros, porque se exime da sua conferência e desse modo também se desobriga das suas incumbências.

Terá porventura a noção que os presidentes passam e atas ficam?

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