[Crónica] Pode alguém ser quem não é?

CRÓNICAS/OPINIÃO Fátima Pacheco

Estudar é saudável. Nunca sabemos “tudo”. Há sempre uma infinidade de “coisas” que podemos aprender, desde que estejamos abertos a conhecer o que nos é novo.

Após a vivência com pessoas pertencentes aos chamados (neste lado do planeta) povos originários, senti uma vontade terrível de saber mais sobre aqueles que deveriam ser os detentores das Terras de Pindorama.

Vive-se momentos políticos difíceis mercê da demarcação das terras indígenas. A ânsia de retirar minérios (ouro, lítio, ferro e outros) de espaços geográficos ocupados pelas diferentes aldeias indígenas impele os governantes a autorizar o extrativismo de solos, rios e mares protegidos por esses povos. Corre-se o risco de se passar a ter as áreas protegidas da Amazônia todas esburacadas e poluídos os lençóis freáticos, para além de ter as águas contaminadas com o mercúrio que os garimpeiros usam para ter acesso ao minério que procuram. O que os indígenas sabiamente preservam, o homem dito civilizado pretende atentar contra a natureza utilizando-a como se esta fosse um bem de consumo inesgotável.

“Fala-se muito em sustentabilidade, mas infelizmente ninguém procura averiguar o que esse conceito representa e que tipo de atitudes ele exige de cada um de nós”

Fátima Pacheco

Mas não é só a Amazônia que está em risco. Em Minas Gerais, bem pertinho da grande cidade de Belo Horizonte, uma área de preservação ambiental, Serra do Curral, que está sendo ameaçada pela vontade de extinguir o seu interesse (tombamento) de Patrimônio Histórico e Cultural, para que possa ser feita a exploração de minério no local. Esquecem os governantes estaduais, e quiçá os federais, do desastre ambiental e humano que aconteceu em Mariana quando rompeu a barragem do Fundão, usada para armazenar os rejeitos do minério de ferro explorados pela empresa Samarco. Exaurir a terra não é solução para o desenvolvimento.

Fala-se muito em sustentabilidade, mas infelizmente ninguém procura averiguar o que esse conceito representa, o que é necessário fazer-se para o pôr em prática,  que tipo de atitudes ele exige de cada um de nós.

E como pode alguém ser quem não é… vou revendo meus comportamentos. Será que preciso mudar de telemóvel sempre que uma nova linha sai para o mercado? Que outras atitudes terei ainda de mudar?

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