[DESTAQUE] Na ‘Casa do Meio Caminho’, refazem-se vidas após a dependência

ATUALIDADE

Reinserção é a palavra de ordem para a valência da Associação de Ringe que pretende trabalhar competências pessoais, sociais e profissionais em utentes com problemas de dependência, com o objetivo de os dotar de ferramentas necessárias para uma efetiva reinserção social.

É nas encostas do Vale do Leça, num local recatado, mas próximo do ‘mundo real’, que se encontra o caminho para a reinserção. A Casa do Meio Caminho é uma das valências da Associação de Moradores do Complexo Habitacional de Ringe (AMCHR), focando-se na reabilitação de pessoas com problemas de dependência.

Eduarda Ferreira e Carla Ferreira são os rostos por trás do projeto criado em 2008, como resposta a um problema que viam ser emergente dentro do concelho e para o qual o município não tinha resposta: a problemática do uso de substâncias dependentes.

À data, o IDT (Instituto de Drogas e Toxicodependência, agora SICAD- Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências) abriu candidaturas com Santo Tirso como área prioritária. Eduarda e Carla aproveitaram a oportunidade e candidataram-se juntamente com a Cruz Vermelha, que pretendia investir na área da prevenção, ao passo que a Associação passaria a intervir no eixo da reinserção.

“A reinserção faz este trabalho de aproximação ao mundo exterior porque enquanto estamos num local protegido é fácil manter a abstinência, difícil é depois voltar à vida normal”

Carla Ferreira

Uma proposta inicial que foi aceite, mas que tinha apenas como método de intervenção a criação de um gabinete, o que para as técnicas não era o suficiente. A intenção foi criar um espaço onde as pessoas pudessem viver e permitisse dar continuidade ao trabalho realizado na comunidade terapêutica.

 “Não fazia sentido trabalhar a reinserção apenas uma vez por semana. É preciso um trabalho mais aprofundado. Assim, delineamos esta ideia de um espaço onde as pessoas pudessem viver, onde fosse possível criarem uma rotina, onde conseguíssemos trabalhar as questões da reinserção: habitação, trabalho, retomar os laços com a família, entre outros”, explicou Eduarda Ferreira.

Reinserção versus Tratamento. Os dois conceitos são muitas vezes confundidos, mas reintegrar não é o mesmo que tratar. Na Casa do Meio Caminho, que neste momento trabalha com quatro utentes, o objetivo passa por “pegar” em pessoas que já vêm de uma comunidade terapêutica, onde é feito um acompanhamento médico para substituição da substância aditiva, e dar-lhes um espaço onde possam começar o seu processo de reintegração na sociedade. Isto porque, explica Carla Ferreira, “regra geral eles vêm com uma vida desorganizada: não têm contacto com familiares, não têm emprego, e, muitas vezes, nem hábitos de higiene”.

“A reinserção faz este trabalho de aproximação ao mundo exterior porque enquanto estamos num local protegido é fácil manter a abstinência, difícil é depois voltar à vida normal. Por isso é que temos utentes que podem estar a trabalhar e a viver aqui”, esclareceu a psicóloga Carla Ferreira. Este processo, por norma, dura seis meses podendo ser alterado de acordo com as necessidades individuais de cada utente.

[A reportagem pode ser lida na íntegra na edição 683 do Entre Margens. Já nas bancas!]

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

eight − 6 =