[CRÓNICA] Pode alguém ser quem não é?

CRÓNICAS/OPINIÃO Fátima Pacheco

Ontem vi notícias sobre o resultado das eleições autárquicas em Portugal. Fiquei feliz por verificar que a democracia impera no nosso país. A alternância democrática é algo saudável, mesmo quando não ganha, ou perde o partido de eleição de cada um.

O sentimento que neste momento tenho aqui é de permanente campanha eleitoral. Há demasiados partidos por onde os deputados se vão movimentando pois não há espaço politico-institucional para as pessoas poderem ser eleitas como independentes. Ou se é militante de um partido ou nada feito. Imaginem o que é o vai e vem de entradas e saidas dos partidos… não por convição mas por conveniência. Se, eventualmente, não há perpectivas do partido X me colocar em lugar elegível e imigro para aquele que dará mais vantagem. Pergunto-me como as pessoas acreditam que este tipo de situações pode ser correta. O que poderão esses políticos defender para além dos seus interesses pessoais.

“Como nem sempre o português de Portugal é coincidente com a interpretação do português do Brasil, revejo-me várias vezes em situações conflitantes em que necessito explorar e criar significados metafóricos para me fazer entender”

Fátima Pacheco

A comunicação entre as pessoas é sempre difícil, por isso a escrita é tão importante. Quando se escreve assume-se publicamente um pensamento, uma ideia, um desejo. Mesmo que muitas vezes a interpretação seja diversa, ela está registada para poder ser discutida, refletida, argumentada. Isto vem a propósito do quanto as pessoas se ausentam em escrever porque isso as expõe a provaveis críticas. E isso acontece em todas as atividades profissionais. E mesmo no meio jornalistico sabemos que entre entrevistado e entrevistador há um campo semantico que pode trazer dúvida entre o que foi dito e o que foi escrito.

Como nem sempre o português de Portugal é coincidente com a interpretação do português do Brasil, revejo-me várias vezes em situações conflitantes em que necessito explorar e criar significados metafóricos para me fazer entender.

E como pode alguém ser quem não é… faço esforços para que o que escreva não possa ferir a sensibilidade de quem me lê e não me sinta como o político que procura insistentemente o lugar que lhe é mais confortável.

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