[Editorial] Ano novo, novas esperanças?

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

Um destes dias teremos a noite mais longa do ano no nosso hemisfério e, porque o sol passará a brilhar durante mais tempo em cada dia, esse é um dia simbólico por marcar como que um recomeço da vida na natureza, um retomar de esperanças de melhores condições de existência para quem vivia com a natureza e da natureza.

A humanidade evoluiu e tornou-se capaz de criar condições para superar as dificuldades criadas pela translação da Terra em torno do Sol (o inverno e as noites longas), e pela rotação da Terra em torno do seu eixo (a sucessão de dia e noite). Temos hoje disponibilidade de energia para superar o frio ou o calor, para permitir deslocações rápidas, para fazer trabalhar as diversas indústrias. Tudo numa perspetiva de manter esperanças continuadas de melhoria de qualidade de vida.

Espantamo-nos, porém, com a forma irracional como muitos desprezam o conhecimento adquirido ao longo de séculos e utilizam formas de “pensamento mágico” para orientar as suas vidas. Em meados do seculo XX estudávamos na escola primária as provas da esfericidade da Terra. Anos depois surgiram as fotos tiradas do espaço mostrando o belíssimo planeta azul. Não é preciso outras provas. Mas a verdade é que há, atualmente, um grande número de pessoas que acredita que a Terra é plana.

Os conhecimentos científicos deveriam ser o fundamento das decisões dos governos das nações. Mas há cada vez mais riscos de que sejam convicções não fundamentadas que vão condicionar os destinos do planeta. É bom ter redes de energia disponíveis, mas se a produção faz à custa do esgotamento dos recursos naturais, estamos a comprometer o futuro. Que esperanças, no novo ano, de compromissos globais sobre o futuro do planeta?

Não é preciso ciência para perceber que a guerra, as guerras, são uma espécie de jogo em que todos perdem. Destroem-se vidas, arrasam-se cidades, desperdiçam-se meios, destroem-se ambientes por uma ideologia, por uma ideia imperialista ou uma loucura coletiva. Não são brilhantes as perspetivas para um novo ano. Ninguém pára os conflitos em curso.

Pouco animadoras são as perspetivas de evolução das nações democráticas: a fixação de posições em pólos opostos dificulta a pacificação do debate de ideias e cria condições para o aparecimento de extremismos. A participação dos cidadãos nas instituições democráticas é cada vez mais reduzida e a alternância cada vez mais improvável.

São tempos difíceis. É forçoso recuperar esperanças de paz e de progresso, desejando Boas Festas e um novo ano que consagre o dever de construir a paz e a defesa do planeta

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