[Opinião] Porque se negoceia o Orçamento do Estado

CRÓNICAS/OPINIÃO Rui Baptista

1O objectivo das negociações do Orçamento de Estado (OE) não será tanto termos o melhor Orçamento possível, mas ter os melhores argumentos possíveis para chumbar ou aprovar o dito Orçamento.

Pedro Nuno Santos (PNS) está numa situação difícil. Tal como qualquer líder partidário que fica à frente de um Partido que acaba de sair do poder após vários anos. É sempre tido como um líder de transição, que vai ocupar o lugar até ser a melhor altura para outros virem e recuperarem o Governo novamente. Mas já todos percebemos que PNS não se vê como um líder provisório, mas sim como futuro Primeiro-ministro e, por isso está numa situação ainda mais complexa. Mesmo depois de o Governo ter feito uma gigante aproximação às suas reivindicações, está a fazer contas aos efeitos de aprovar ou recusar o OE. Porque qualquer uma das opções tem mais custos para o PS que para o PSD. Se o OE passar, já sabe que o PSD ficará no poder, muito provavelmente até 2026, por causa das eleições Presidenciais. Manter-se líder do PS este tempo todo sem desgaste, com umas eleições Presidenciais e Autárquicas pelo meio, é tarefa complicada. Contudo, se não aprovar o OE poderá ter de enfrentar eleições já e a probabilidade de a AD sair reforçada.

Por seu lado, o Governo está muito confortável, porque o país não quer eleições e caso o OE seja chumbado tem uma hipótese de reforçar a votação e enfraquecer, não só o PS como o Chega, que já percebeu que não repetirá mais o resultado que teve. Se o OE for aprovado então tem garantido, à partida, a manutenção no poder até 2026, tendo mais tempo para se consolidar como Governo e enfrentar eleições numa posição mais forte. Por isso, as negociações não são sobre medidas orçamentais, mas sim sobre futuro político dos seus intervenientes.

2As eleições autárquicas estão aí à porta. Por isso os Partidos já se estão a organizar e posicionarem-se.

Em Santo Tirso, vamos ter uma situação que não é muito usual, com 9 presidentes de Junta de Freguesia a não se poderem recandidatar devido à lei de limitação de mandatos. E, ainda menos usual, são todos do PS. Este facto torna as próximas eleições aqui em Santo Tirso muito importantes, porque é uma grande oportunidade para a oposição recuperar posicionamento.

Outro aspecto a ter em conta é que nestes 9 presidentes que vão ter de sair, estão muitas das maiores freguesias do Concelho, desde a junta da cidade de Santo Tirso, Vilarinho, Além-rio, Vila Nova do Campo e S. Tomé de Negrelos.

Em algumas o PSD já anunciou o seu candidato, como em Vila Nova do Campo, com Carlos Pacheco. Sou suspeito, porque conheço o Carlos Pacheco há muitos anos e considero uma pessoa muito competente. Foi presidente da JSD de Santo Tirso, onde trabalhei com ele e acabei por lhe suceder, fez um trabalho muito importante na defesa de políticas de juventude para o nosso concelho, foi também Vereador da oposição, sempre com uma posição muito transparente. É alguém que não precisa da política para viver, mas gosta de fazer política e acima de tudo tem muito orgulho na sua terra. Não será um combate fácil, mas sem dúvida que é o candidato certo para representar Vila Nova do Campo.

Outro candidato já assumido é Carlos Valente para a Vila das Aves, apesar de na nossa terra o actual presidente não ter atingido o limite de mandatos, é uma candidatura forte que pode mudar a Junta e, será uma disputa renhida, porque Carlos Valente representa o espírito avense da luta e reivindicação que se perdeu nos últimos anos.

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