No momento em que está ultrapassada a primeira metade do ano, a Junta de Freguesia tem por cumprir a totalidade dos compromissos assumidos para 2023!
Foi exatamente isso que ficou exposto na última Assembleia de Freguesia. O Plano de Investimentos destinado ao ano em curso não está a ser cumprido, bem como, quase todo o conjunto de atividades que foram planeadas. Para além de festas e festarolas, passeatas e outras trivialidades, o grau de cumprimento dos objetivos é pouco mais do que zero, e as justificações da Junta foram ridículas.
Esta penosa realidade refletiu-se, inevitavelmente, na ordem de trabalhos da última sessão da Assembleia de Freguesia que, pouco ou quase nada tendo para tratar, ocorreu no Centro Pastoral de Cense.
A Junta, ao fazer deslocar a reunião para este local, pretendeu afastar da atenção dos avenses os problemas da Vila como um todo e desviar os olhares para uma única zona da terra. Uma panaceia que continha todos os requisitos para ser malsucedida.
Em teoria, as reuniões descentralizadas favorecem a proximidade dos órgãos autárquicos junto da população mais periférica, reforçam a coesão territorial, permitem ouvir, esclarecer e prestar contas sobre desafios locais muito concretos, contribuindo para uma democracia mais participativa. Nada disto sucedeu porque efetivamente não foi essa a intenção desejada. O único intuito foi criar a perceção junto dos moradores que os problemas existentes naquela zona iam ser resolvidos. Se para além de exibicionismo algum interesse sério houvesse em saber o que mais apoquenta aquela população, a reunião não teria sido marcada para uma sexta-feira às 21:30 horas. Se a Junta e a Assembleia de Freguesia quisessem, efetivamente, dar alguma primazia e real importância àquele lugar, teria sido feita uma verdadeira auscultação prévia sobre os problemas, anseios e expectativas com que se debate aquela população, com antecedência e divulgação apropriadas. Os resultados desse levantamento deveriam ser falados no período de “Antes da Ordem do Dia” e tratados como verdadeiros pedidos de informação ou esclarecimentos. Sobre eles deveria ser prestada a devida informação, sem rodeios, sem evasivas, subterfúgios legais ou meias-palavras. Nada disto aconteceu. É inadmissível!
A Assembleia de Freguesia foi conduzida nos moldes habituais, sem qualquer diferença relativamente às sessões que por norma decorrem na sede da Junta. Aos moradores presentes não foi dada qualquer explicação inicial sobre o funcionamento dos trabalhos e, como facilmente se poderia prever, cerca de uma hora depois do início da sessão ocorreram os primeiros abandonos. Cansados e sem encontrarem justificação para a sua permanência na reunião foram saindo visivelmente defraudados pela forma como foram tratados, manifestando o seu descontentamento. O Presidente da Assembleia, do alto do seu pedestal, foi forçado a admitir falhas de esclarecimento.
Estas pessoas que acalentaram legitimas expectativas acerca de uma reunião deslocada para aquele lugar com o intuito anunciado de responder aos desafios locais, muito concretos e de interesse coletivo, foram vítimas de manipulação!
De uma assentada esta Assembleia revelou o grau zero no cumprimento das metas traçadas e na forma de fazer política.
Igual grau de nulidade atingiram os deputados do Partido Socialista quando, por mera cegueira ideológica, votaram contra um “Voto de Protesto” que exprimia o descontentamento pelo facto de a Câmara Municipal de Santo Tirso ter aberto ao público o Parque do Verdeal sem instalações sanitárias. Ao aceitar, como satisfatória, a solução de recurso às instalações da estação dos caminhos de ferro, os deputados socialistas acharam razoável admitir que a única solução disponível esteja situada no exterior do parque. Ao votarem contra algo tão básico em termos de salubridade e bem-estar para os utilizadores, estes socialistas revelaram o estado primitivo em que se encontram.
Mais grave que a cegueira biológica é a cegueira ideológica. Enquanto uma impede o homem de ver, a outra impede-o de pensar.