PSD, quo vadis?

CRÓNICAS/OPINIÃO Rui Baptista

1Realizadas as eleições autárquicas e temos um novo xadrez politico no país, mas sobretudo no nosso concelho.

Em Santo Tirso o grande vencedor destas eleições foi a abstenção, de 2017 para 2021 ganhou 6.254 abstencionistas. Todos os partidos perderam votos em relação a 2017, apenas uns perderam muitos e  outros menos.

O PS, apesar de ter perdido 1.034 votos em percentagem registou uma vitoria histórica de 60% e elegendo o 7º vereador, no entanto não deixa de ser curioso que ganhou em 2021 com os mesmos votos que o PSD perdeu em 2005 e 2009, o que revela aumento da abstenção. É uma reflexão para todos os partidos.

O PSD tem o seu pior resultado de sempre, quando tínhamos o resultado de 2013 com Alírio Canceles como desprestigiante para o Partido, vemos que o PSD atingiu um mínimo histórico impensável.

O PCP é também um derrotado destas eleições, pois apenas elege um representante para a Assembleia Municipal e não consegue aumentar a sua representatividade nas freguesias. De realçar que o Chega ficou à frente do PCP para a Câmara e Assembleia Municipal.

O BE teve uma meia vitória, sinceramente pensei que conseguiriam eleger um vereador, no entanto conseguira dois representantes para a Assembleia Municipal.

Apesar do PS ter ganho com 60% a grande surpresa da noite foi o PSD ter perdido 8.256 votos, ter reduzido de 3 para 2 os vereadores e de 10 para 6 deputados na Assembleia Municipal.

2 Eleições internas no PSD serão, em 27 de Novembro as nacionais e, 4 de Dezembro na concelhia.

Em Santo Tirso a actual presidente demitiu-se fruto do resultado eleitoral e decidiu recandidatar-se. O PSD em Santo Tirso tem sido um partido de facções sempre em litigio entre si e criadas por diversos presidentes do PSD.

Para o bem do PSD os militantes do PSD devem escolher alguém novo, alguém que não represente facções ou interesses das distritais e nacionais. É mais importante sair de pé do que querer liderar um partido de joelhos.

“O problema para Rangel começa quando Rio afinal até tem um resultado bom e ganha Lisboa, Coimbra e Portalegre. É neste momento que Rangel devia ‘travar a fundo'”

Rui Baptista

Pode parecer estranho o que vou dizer, mas é uma oportunidade de ouro para o PSD se regenerar e renascer do zero. Com novas caras e novas ideias, melhores ou piores, devem ter a sua oportunidade para mostrar o que valem. E aos que ainda lá estão, devem cooperar com aqueles vão agora entrar.

No que diz respeito a Rui Rio, após ganhar Lisboa e algumas capitais de distrito, bem como ter tido uma derrota por poucochinho tinha o embalo necessário para enfrentar o PS e legitimar-se no congresso do PSD que viria a seguir.

Paulo Rangel, por seu turno, com toda a legitimidade, tem a ambição de ser líder do PSD, já a ambição de ser primeiro-ministro talvez não tenha. Começou em Março a preparar a sua corrida à liderança, na expectativa que Rio teria uma estrondosa derrota. O problema para Rangel começa quando Rio afinal até tem um resultado bom e ganha Lisboa, Coimbra e Portalegre. É neste momento que Rangel devia “travar a fundo” com a candidatura à liderança, pois Rio tinha as condições para continuar, para não falar que foi sempre um apoiante de Rio.

Mas não, Rangel preferiu estar para Rui Rio, como António Costa esteve para António José Seguro e, com isso, aglomerou à sua volta todos aqueles que querem um lugar no partido, no Parlamento e nas distritais do PSD, não estando minimamente interessados em ganhar o país.

Rangel é uma espécie de albergue espanhol do PSD, está tudo lá.

Rui Rio esteve 4 anos na oposição difícil a um governo que é liderando por um habilidoso tal como um negociante de gado, que sabe sempre tirar partido do produto que está a vender.

Por isso, no momento em que a vida política vai entrar num novo normal, sem pandemia, Rui Rio deve ter a ultima oportunidade para ser primeiro-ministro e mostrar o que vale ao país.

Não é um hábil líder da oposição, mas garantidamente é um politico honesto e fiel às suas convicções, sejam elas mais ou menos populares. É um homem genuíno.

Não estamos fartos de políticos que se preocupam apenas com as suas carreiras? Então para quê eleger Paulo Rangel?

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