Fomos chamados às urnas pela 3ª vez em 3 anos. A resposta do eleitorado nos sucessivos actos eleitorais deve dar que pensar aos agentes políticos, nomeadamente aos principais partidos que têm a capacidade de governar e que nos governam nos últimos 50 anos.
Desde 2015 que temos assistido a uma multipolarização do espectro político com novos e pequenos partidos a surgirem como resposta à incapacidade dos Governos em melhorar a vidas das pessoas.
Nos últimos 30 anos (1995-2025) o PS Governou 21, já contando com o últimos Governo da AD, de Luis Montenegro. Ao longo destes anos tivemos: António Guterres, José Sócrates e António Costa, e nenhum deles conseguiu ter a vontade reformista em áreas centrais como a justiça, educação, saúde e infraestruturas.
A falta de reformas agudizou os problemas e pós a nu um país mais desigual e, nessa matéria António Costa é o pai do agravamento destas situações que abriram caminho a extremismos, depois de tirar da cartola uma cartada que lhe permitiu governar sem ganhar eleições e calar os partidos da extrema esquerda, também entendeu que quanto mais o Chega crescia, mais hipóteses tinha do o PS se perpeptuar no poder, porque com a direita fragmentada e com linhas vermelhas, dificilmente chegaria ao poder.
António Costa alimentou o Chega, mas agora foi comido pelo próprio Chega.
Os partidos à esquerda do PS foram reduzidos a uma insignificância eleitoral, e hoje, 51 anos depois do 15 de Abril ficou ainda mais evidente que os Portugueses já não vêm as coisas apenas como direita e esquerda, mas sim quem cumpre melhor e quem garante estabilidade.
Outro efeito dos anos da geringonça é a afinidade das novas gerações com os partidos de direita, e este facto para os partidos de esquerda são ainda mais preocupantes, porque os jovens de hoje são os trabalhadores e pais de família e reformados de amanhã. O que significa que, por uma geração a Esquerda pode ficar reduzida a um papel insignificante.
Vemos que neste 50 anos Portugal foi um país alinhado com a esquerda, sobretudo a sul, fruto do processo político do pós 25 de abril, e essa influência perdurou por uma geração que agora começa a minguar.
A culpa deste estado da esquerda em Portugal não é do André Ventura nem da IL, nem da AD, mas sim da própria esquerda, que nunca quis reformar o país no seu essencial, mas quando tiveram maioria absoluta no parlamento com a geringonça e o PS também não aproveitou a disponibilidade de Rui Rio e do PSD para as reformas na Justiça e outras que com a maioria do PS seria suficiente para implementar um conjunto de reformas estruturais e que ficariam para as gerações futuras.
E as pessoas perceberam que partidos como BE, Livre e CDU não têm a importância estratégica que deveriam ter, e estão condenados à insignificância política e eleitoral porque nunca quiseram realmente resolver os problemas do país, mas sim que eles existissem para terem sustento para o seu discurso.
Agora, se acharmos que o Chega não deve ter responsabilidades no País, e se os partidos do arco da governação (PSD e PS) não quiserem ser engolidos pelos extremos, como em França, deverão criar efectivos entendimentos de regime para que o País avance e as pessoas sintam estabilidade e progresso.
Uma nota final: Em Santo Tirso o PS perde as eleições e perde 2400 votos e perde em 10 das 14 freguesias, o que deverá fazer refletir localmente, porque depois da campanha intensa do PS e do envolvimento do Presidente da Câmara e Vereadores nesta campanha acaba por tornar uma derrota também do PS de Santo Tirso.