1No dia 7 de novembro o país foi surpreendido com a demissão do Primeiro-Ministro, após o Ministério Publico ter realizado buscas na sua residência oficial e ter detido o seu chefe de gabinete e mais um conjunto de pessoas, incluindo o “melhor amigo de António Costa” por alegadamente usar a sua relação com o PM para facilitar processos. Por seu turno o Ministro João Galamba também foi constituído arguido.
A actuação do Ministério Publico, visto pelo comum dos mortais, tem muitas questões e pontas soltas. De facto, é de questionar a legitimidade para que um conjunto de pessoas à frente de uma investigação judicial tenham o poder de derrubar um Governo democraticamente eleito. O problema dos eventuais erros do Ministério Publico, não são tanto com a queda do Governo, mas sim com o facto de lançar mais suspeição na sociedade e depois não conseguir provar nada de substancial que leve a uma condenação. Isso só ajuda a descredibilizar a sociedade e a actividade política.
Mas voltando ao Governo, temos de perguntar como é possível com maioria absoluta dada pelos eleitores há pouco mais de um ano e conseguir cair desta forma. Pensando bem e analisando os casos que foram acontecendo, as demissões e a qualidade profissional e intelectual das pessoas que o compõem, realmente não podemos ficar admirados.
Recordando as trapalhadas na TAP até cenas de pancadaria, passando por Secretários de Estado que financiavam pavilhões imaginários, etc, não podia durar muito.
O resultado desta demissão, não é tanto a investigação e as alegadas irregularidade em torno dos projectos de Sines e do lítio, mas sim da qualidade das pessoas que integram o Governo.
Estamos a viver o resultado da mediocridade na política, de Governos assentes em carreiristas partidários. O grande erro de António Costa foi não se conseguir rodear de pessoas competentes e, acima de tudo idóneas, o seu chefe de gabinete com 75 mil euros escondidos em livros na residência oficial é prova da mais baixa qualidade das pessoas que integram o gabinete do Governo.
Como conseguimos chegar aqui? Devemos reflectir como deixamos o espaço político para esta mediocridade e agora, estamos a abrir espaço para os extremos e para a “política de café”.
Em março teremos eleições e a tarefa de escolha vai ser árdua.
2Foi um dos casos que agitou o final do mês de maio de 2019: o presidente da Câmara de Santo Tirso Joaquim Couto, a sua ex-mulher, o então presidente da autarquia de Barcelos e o então diretor do IPO Porto foram detidos pela Polícia Judiciária do Porto por ordens do DIAP Regional do Porto. Quatro anos depois, foram todos acusados da alegada prática de 50 crimes económico-financeiros no exercício das suas funções públicas.
No centro do caso, está o pequeno grupo empresarial de comunicação de Manuela Sousa, que terá sido alegadamente favorecido pela Câmara de Barcelos e pelo IPO do Porto num conjunto de contratos públicos avaliados em cerca de 750 mil euros, segundo o despacho de acusação. O Correio da Manhã trouxe a público que o antigo presidente da Câmara usou recursos da autarquia para fins pessoais, incluindo férias de 4 mil euros para si e família pagas pela Câmara. A ser verdade (espero que não), seria colocar muita coisa em causa por tão pouco.