[Opinião] O Absurdistão

CRÓNICAS/OPINIÃO José Manuel Machado

Já é possível desfrutar parcialmente do Parque do Verdeal. O lado de Vila das Aves, está aberto ao público desde o dia 12 de maio!

Um enredo que ficou concluído, de modo parcial, trinta e dois anos depois de ter sido prometido. A parte que foi aberta já estava a ser usada por muitas pessoas, pelo que, a Câmara de Santo Tirso, derrotada pelas circunstâncias, cedeu a abrir o espaço situado na margem direita do rio Vizela. Uma abertura envergonhada, sem brio nem brilho, com ajardinamento desleixado, relvado e árvores descuidadas, muito lixo disperso, ervas por todo o percurso, inscrições e grafitis inconvenientes.

A empreitada começou em 2021. Tinha 365 dias para conclusão e chegou a ter prevista abertura ao público no verão passado. Afinal foram precisos cerca de dois anos para se conseguir não mais do que uma abertura parcial do parque, sem uma inspeção prévia e sem qualquer dignidade!

O empreiteiro removeu o material e as proteções da obra, tornando livre o acesso ao parque, do lado de Vila das Aves. Já depois das 19:00 horas do dia 12 de maio, a Câmara Municipal difundiu um comunicado, lacónico e pouco esclarecedor, a anunciar que o “Parque do Verdeal abriu parcialmente ao público”.  Não foi dado conhecimento do regulamento de utilização, nem tão pouco um horário de funcionamento!

Na verdade, o parque continua sem ter existência oficial. Não está identificado na lista dos espaços verdes municipais, nem tão pouco é referenciado entre os Parques e Jardins Urbanos do concelho. Continua enredado numa sucessão encadeada de acontecimentos e peripécias que mais parecem uma narrativa de obra de ficção.

Outro absurdo é manter encerrada a ponte que foi construída por cima do parque e que está apta a funcionar, quando um dos propósitos que serviu de justificação para a sua construção foi permitir a ligação entre a Rua do Espírito Santo, em Santo Tomé de Negrelos, e a Rua dos Correios em Vila das Aves. É uma contradição absoluta!

Também não é sensato que, estando interdita a utilização da ponte, esteja totalmente iluminada durante a noite! Para além do desperdício de energia, mantê-la encerrada constitui um embaraço, desnecessário para a população da margem esquerda, aceder ao espaço do parque utilizável e que está equipado com uma área infantil. A tomada de decisão da abertura parcial é reveladora da falta de bom senso, incapacidade de observação no terreno e pouca ponderação.

A abertura na totalidade só irá ocorrer quando terminarem os trabalhos de restauro dos danos provocados nos terrenos da margem esquerda, que não conseguiram resistir ao primeiro e único inverno a que foram expostos.

Enquanto tal não for possível, os utilizadores da margem de Vila das Aves, têm um desafio extra ao seu alcance: decifrar um enigma!

Com que finalidade foi construído um pórtico, em frente a um muro de pedra pintado de vermelho e sem passagem para lado algum?

Não arrisco a crer que seja para fotos de passagem em próximas eleições, pelo que aguardo melhor justificação de quem tem o dever de esclarecer sobre o (des)propósito daquele elemento e a (in)utilidade do dispêndio.     

Também pelo reino do absurdo – “O Absurdistão”, está a Quinta dos Pinheiros. Um ano e meio depois da decisão judicial que conferiu a propriedade plena da parcela da Junta de Freguesia, esta continua sem saber o que fazer no terreno, nem tão pouco cuidar dele!

Está a servir de deposito de lixos de obras, de sobrantes agrícolas e florestais, de pasto para ovelhas e cabras, malcheiroso e infestado de ratazanas! Deste panorama fazem também parte ervas enormes, mato, e silvado abundante que já atinge as imediações dos passeios.

Num período em que tanto se fala de prevenção, sensibilização, fiscalização, de limpezas coercivas de terrenos e bouças para mitigar o risco de incêndios rurais e florestais, que papel está a Junta de Freguesia a desempenhar como agente integrante da Proteção Civil nestas matérias?

Que exemplo está a dar! Que riscos está a correr! Que infrações está a cometer!

Nada mais a comentar.

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