O frio intenso deixou-nos. O sol trouxe-nos a alegria e permitindo-nos ver as variedades de tons de verde aparecer. As flores homenageiam-nos com suas floridas cores. A Primavera deixa-nos mais alegres, confiantes e na expectativa de que tudo no mundo vai melhorar. Não é por acaso que comemoramos a Páscoa nesta época do ano, uma data que apela à transformação de cada ser. Se para cristãos se festeja a morte e ressurreição de Cristo, os judeus evocam a passagem (Pessach em hebraico) do povo hebreu da escravidão no Egito para a liberdade. A Páscoa era comemorada por esse povo próximo do início da primavera. Este ano tive a felicidade de passar essa data junto da minha família na Alemanha. Tradições diferentes, outros olhares, cultura, modos de ver e viver a mesma vida.
Entre o meu ir e vir, as reflexões interiores nunca cessam e as interrogações, também não. Estamos todos no mesmo planeta… porque estamos todos divididos por territórios, línguas, costumes, religiões? E as perguntas que não calam: porque viemos, para que viemos, o que somos, quais são os nossos propósitos de vida nesta terra? Porque há guerras, porque olhamos para o diferente de soslaio, porque a diferença nos incomoda, porque o ódio se sobrepõe ao amor? Tudo isto a propósito da violência que impera. Aqui perto vemos os ucranianos a sofrer numa guerra estúpida. No Brasil, uma escola de Educação Infantil foi vítima dessa violência. Uma pessoa entrou numa escola particular e matou, com arma branca, quatro crianças. Impossível encontrar justificação em atos deste teor. O que leva um ser “humano” a desenvolver ódio dentro de si? Precisamos refletir, com humildade, o que está a falhar na educação familiar, escolar e religiosa. E o mais estranho em toda esta barbárie são as decisões que os políticos estudam possam evitar novos incidentes. E vão desde a colocação de deteção de metais à entrada as escolas, o ensino de manejamento de armas pelos alunos desde muito cedo, entre outras hipóteses tão cretinas quanto os anteriores.
E como pode alguém ser quem não é só posso orar para que a Humanidade tenha o discernimento de se analisar e procurar descobrir qual a sua doença crónica.