[Crónica] Pode Alguém Ser Quem Não é?

CRÓNICAS/OPINIÃO Fátima Pacheco

O povo brasileiro vive as emoções com muita intensidade. Aguardou o Campeonato de Futebol no Catar esperando vitória. Quando ganha explode em foguetes, gritos exaltados de alegria em bares ou praças onde pode assistir aos jogos. Bebeu para celebrar as vitórias, bebeu para afugentar as derrotas. Não um beber que embriaga, que provoca conflito, que destrói como vimos muitas vezes acontecer com adeptos de alguns países europeus.

Na política não é diferente. O resultado eleitoral trouxe alegria para uns e tristeza para outros. Cada um foi e vai manifestando suas emoções a seu jeito. Chegada a terras lusas vou escutando e observando o que se passa nos momentos de transição e sinto a preocupação com os excessos que grassam em alguns pontos do país.

O fato é que cada pessoa isoladamente age sob normas próprias e consegue viver de modo harmonioso com o outro. Porém, quando juntos formam uma massa psicológica que os transforma em uma massa coletiva, que é independente do seu tipo de vida, suas ocupações, caracter ou inteligência (Le Bon). Juntos se transformam e agem de modo diferente do que agiriam na sua singularidade, isso tem provocado uma onda de agressividade e intolerância. O medo que foi instaurado no país, por via de uma política populista, armou uma grande parte da população, esquecendo que desigualdades sociais não se resolvem com armas, que grupos de milícias estão mais próximos de movimentos mafiosos do que de segurança. Que violência gera mais violência. As manifestações atuais demonstram que levará algum tempo até que a tranquilidade possa novamente ressurgir.

Fico preocupada com os meus amigos e com a insegurança que sentem e fico triste quando constato velhas amizades que se desfizeram porque é mesmo difícil saber viver em democracia. Seria bom que todos o soubéssemos fazer já que vivemos num mundo de muitas diferenças, com muitas pessoas extremamente diversas, biológica e culturalmente.

E como pode alguém ser quem não é… vivo meu dia a dia apelando à serenidade, à compreensão do outro, ao regresso da amorosidade que reinava nesta terra abençoada por Deus (e bonita por natureza…).

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