Identidade é o conjunto das características e dos traços próprios de um indivíduo ou de uma comunidade. Esses traços caracterizam e permitem diferenciar um sujeito ou uma coletividade perante os demais. Nesse sentido, a ideia de identidade está associada a algo próprio, intrínseco num individuo ou numa comunidade social. Dependendo das circunstâncias podemos estar perante uma identidade individual ou coletiva.
Aquilo que a Junta de Freguesia de Vila das Aves apresentou à comunidade no dia do 67º aniversário da Vila pretendia ser uma nova identidade coletiva da freguesia. No caso presente uma identidade que a junta presumiu ser ideal e que foi refletida num novo símbolo visual. Uma imagem apelativa criada a partir de um conjunto de letras com desenho que, alegadamente, representa a identidade da nossa terra!
Quando muito o logótipo agora criado representará uma entidade, a Junta de Freguesia, mas jamais constituirá a identidade desta vila. Algo que não pode nem deve ser confundido!
Uma identidade não se decreta por anúncio nem é o resultado apenas de uma criação artística que, por muito bonita e agradável que seja, é suscetível de distorções, simplificações e interpretações variáveis entre as pessoas que constituem esta comunidade. Portanto, não reúne as condições para promover a assimilação da identidade avense. A inovação e a estética agradável não são suficientes para conferir essa capacidade ao símbolo que foi apresentado, sem qualquer escrutínio prévio de mais alguém que não apenas os técnicos de desenho. É que a memória social também faz parte da formação da identidade, pois a imagem de uma localidade, compartilhada ou silenciada pelos seus habitantes, influencia na representação que a comunidade tem de si mesma. É aceitável que pretendam fazer do símbolo que agora foi tornado público, um sinal, um distintivo para reconhecer esta junta de freguesia, mas não mais do que isso!
Será porventura aquilo que vulgarmente se designa como a “Marca” de uma entidade, mas nunca a identidade da freguesia.
“Uma identidade não se decreta por anúncio nem é o resultado apenas de uma criação artística que, por muito bonita e agradável que seja, é suscetível de distorções, simplificações e interpretações variáveis entre as pessoas que constituem esta comunidade.”
José Manuel Machado
Também é notável que a cerimónia da celebração dos 67 anos de vila tenha sido precisamente a ocasião escolhida por esta junta para a apresentação do dito símbolo que intitulou como nova identidade. Então não é um paradoxo enorme apresentar no dia da efeméride um símbolo que omite precisamente a palavra Vila que está na origem das comemorações? Para além de falta de sentido de oportunidade foi também uma falta de senso! É realmente uma crise de identidade…
A celebração dos 67 anos de vila foi toda ela um paradoxo colossal!
O dia 4 de abril de 2022 passou totalmente ao lado dos avenses. Não houve o mínimo de engenho e arte para envolver as coletividades locais e muito menos a população. Uma alvorada festiva, um simples desfile, um evento cultural, uma homenagem, nada!
Nada foram capazes de fazer para promover um conjunto de sentimentos que fazem as pessoas sentirem-se parte integrante de uma comunidade. Ignoraram que o convívio promove a assimilação da identidade e a natureza dos avenses. Preferiram um cerimónia para afagar os umbigos instalados no poder.
Uma sessão dita solene que foi preenchida com anúncios requentados de obras que se encontram por fazer
e onde foi anunciado que “o Parque do Verdeal estará concluído lá mais para o verão”!
Mas lá mais para o verão, porquê?
Ninguém se interrogou! A comunicação social, presente em larga escala, também não ousou fazê-lo.
Tal como eu, todos quantos estiveram presentes no lançamento da primeira pedra, numa ocasião em que as obras já decorriam a bom ritmo, ouviram dizer que o prazo de execução eram 365 dias.
Estarão a compactuar com os atrasos, ou está-nos a escapar algo mais?
Questionei o assunto na última Assembleia de Freguesia. O presidente da assembleia fez de conta, mas o presidente da junta ousou responder que a culpa do atraso foi a Covid.
Foi o que lhe veio à cabeça…