[Editorial] Há visões otimistas sobre o concelho que os Censos 2021 não validam

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

Já em 2011 os Censos davam conta de quebra do crescimento populacional do concelho, o que, por ter sido uma desagradável surpresa, mereceu contestação e pedidos de revisão e correção por parte do presidente da edilidade tirsense, que acabaram por não ser tidos em conta.

Apesar da crueza dos números dos Censos de 2021, eles eram de certa forma esperáveis, visto que, a cada ano o INE publica estimativas anuais da população e indicadores de evolução que merecem atenção a decisores informados.

Estes dados, que são públicos, permitiram mesmo que, neste jornal, em 2014, pudéssemos anunciar, em artigo com chamada de capa, que “Santo Tirso perdeu cerca de um milhar de residentes em apenas 2 anos”.

A dissonância entre as mensagens institucionais otimistas de crescimento do município, nomeadamente as que nesta edição Alberto Costa manifesta e o pessimismo traduzido pelos números do INE é que é constitui surpresa.

Numa época em que se fala muito da desertificação do interior do território e se projetam incentivos para deslocar profissionais para essas zonas, justifica-se que se analise com a profundidade adequada as causas da situação atual e os efeitos (ou a sua ausência) das políticas anunciadas e postas em prática que tenham relação com o problema demográfico do concelho. Santo Tirso é litoral e pertence à Área Metropolitana do Porto mas a fotografia que os resultados dos Censos dão do concelho mostra que há muito a fazer para inverter as tendências de equiparação ao interior.

Apesar da crueza dos números dos Censos 2021, eles eram de certa forma esperáveis. A dissonância entre as mensagens institucionais otimistas de crescimento do município e o pessimismo traduzido pelos números do INE é que constitui surpresa.

Américo Luís Fernandes, Diretor

A campanha para as eleições autárquicas deveria ser uma oportunidade para redefinir estratégias e discutir propostas inovadoras.

E nessa discussão e pela mesma causa bem poderiam incluir-se as circunstâncias de tempo e de modo que poderão conduzir a uma baixa do custo da água no concelho. Trata-se da questão que se mantém quase como um assunto não falável, apesar da insistência dos entrevistadores. “Neste momento é precoce dizer qualquer coisa”, disse ao JN o candidato do PS à câmara de Santo Tirso. “Há algo que garanti e garanto agora: vai haver um abaixamento de 35% do custo da fatura mensal da água para os nossos munícipes”, afirma o candidato Alberto Costa nesta edição do Entre Margens.

Para que afirmações como estas não soem como meros slogans de campanha é preciso que o assunto não seja tratado como tal. Na verdade, o candidato do partido socialista não é apenas o candidato. Ele ainda é
o presidente da Câmara e é nessa qualidade que lidera presumidas negociações com a Indaqua. A transparência que se pede aos autarcas obriga a esclarecer as condicionantes e as consequências de um acordo que, pelas garantias anunciadas, já estará firmado. Acordo que dá jeito ao foguetório da campanha mas que pode não ser conveniente no seu todo para não revelar a dimensão das cedências. É que não há acordos sem contrapartidas.

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