Rádio Vizela: a voz de todo um vale

ATUALIDADE

Com nome da cidade que a alberga, a Rádio Vizela há muito extravasa fronteiras, permeando pequenas confeções e grandes indústrias um pouco por todo o Vale do Ave. O Entre Margens foi conhecer os estúdios e conversar com Bruno Azevedo e Liliana Faria, locutores que diariamente entram pela casa dos fiéis ouvintes.

Ao entrar no espaço das pequenas indústrias do Vale do Ave a presença assídua da Rádio Vizela marca o ritmo de trabalho. Não há quem desconheça. Até pelo contrário. Há quem acompanhe religiosamente uma história que já dura há 35 anos.

Como tantas outras, começou como rádio pirata, sediada na freguesia de Santa Eulália, até então pertencente ao concelho de Lousada. Isto porque em 1986 só podiam existir duas rádios por concelho e Vizela pertencia ao concelho de Guimarães onde já existiam a Rádio Santiago e a Rádio Fundação. Ainda assim, Domingos Vaz Pinheiro e Raul Firmino Miranda Cardoso Pereira não quiseram deixar de ‘dar voz a um povo, a uma região’ e criaram a Rádio Vizela com a frequência 96.2 FM.

Volvidos 35 anos a Rádio Vizela estabeleceu-se como Cooperativa de Radiofusão, CRL, tem presença assídua online, criou o ‘RV Jornal’ e agora com a frequência 97.2 FM marca presença em todos os cantos da região. O Entre Margens quis perceber como se desenvolveu este ‘fenómeno’ e foi conversar com Liliana Faria e Bruno Azevedo, os locutores dos programas ‘Manhãs Con.Vida’ e ‘Pediu Tocou’, respetivamente.

Ambos chegaram à Rádio Vizela ‘pelo próprio pé’ e bem pequeninos com 18/19 anos. A experiência na locução não existia, mas a curiosidades estava lá e foi isso que os fez avançar.

Liliana Faria tinha terminado o 12º ano quando decidiu que não queria prosseguir os estudos na universidade. Meteu pés ao caminho e acabou por chegar à Rádio Vizela apenas com o interesse e curiosidade pela comunicação. Iniciou-se com o programa de discos pedidos e mais tarde acabou por ser convidada a fazer as manhãs da rádio. Já lá vão mais de 20 anos.

Liliana Faria aos comandos da emissão da Rádio Vizela.

Os passos de Bruno Azevedo foram semelhantes. Natural de Vila das Aves, estudava química na universidade do Porto, mas o seu tempo era também ocupado a fazer zapping pelas diferentes frequências e a tentar reproduzir no seu computador aquilo que ouvia. Atrevia-se à criação de pequenos programas e até criou um jogo. “Tu dizes-me uma frequência e eu digo-te qual é a rádio”, afirmou em tom jocoso.

O zapping pelas rádios permitiu-lhe um dia ouvir um anúncio de um casting na Rádio Vizela. Foi imediato. Chegou em março, sem formação, disse apenas que queria fazer rádio. No verão desse ano já se encontrava a preencher os lugares dos colegas que iam de férias. Entretanto, passaram-se dez anos e Bruno continua a ser locutor do ‘Pediu Tocou’.

“Fazer discos pedidos é uma escola. Por mais que digam que é o tipo de programa que ‘não tem muita ciência’ porque antes não tens que preparar grande coisa, quando metes alguém no ar tens que ter a capacidade e jogo de cintura para conseguir controlar aquilo. A pessoa não vai dizer aquilo que quer, tu tens que pôr a pessoa a dizer aquilo que tu queres”, explicou.

Tal como é característico nos meios de comunicação social de índole regional, cada elemento da equipa acumula mais que uma função. Bruno é também programador e Liliana controla a parte administrativa. Fazem o que for necessário para manter no ar uma rádio com 35 anos de muitas histórias onde a proximidade com a população se mantém e rejuvenesce ano após ano.

Proximidade é fundamental

O impacto da Rádio Vizela é notório a cada passo. Na sua presença em eventos tradicionais da região, nas pequenas empresas têxteis, no rádio do carro, na internet e até no RV Jornal. A proximidade torna-se a palavra comum para classificar a relação deste meio de comunicação com a comunidade onde se insere. A questão que se impõe é como se cria e se mantém esta proximidade?

“Na minha opinião, a responsabilidade é do departamento de informação. Se olhares à volta muitas rádios não têm esse departamento de informação com profissionais que fazem o acompanhamento isento de tudo o que se passa em Vizela e nos concelhos à volta”, afirmou Bruno Azevedo.

[Ler Reportagem Completa na edição 674]

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