Rui Almeida quer trabalhar a “vertente humana” de São Tomé de Negrelos

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Novo presidente da junta de freguesia deixa elogios à evolução dos últimos doze anos, mas quer ativar o sentido comunitário dos negrelenses com aposta em espaços públicos agregadores e trabalho com tecido associativo para criar uma nova dinâmica social.

A secretária ainda está vazia. Ainda não há papeis espalhados, nem decoração personalizada. Para já, apenas um porta-lápis e um calendário. Rodeado de armários recheados de dossiers monocromáticos, Rui Almeida senta-se na cadeira do presidente da junta de freguesia ainda à procura de se sentir confortável com a responsabilidade que tem entre mãos desde que tomou posse, no início de novembro.
É um “salto para um desconhecido conhecido”, argumenta. A posição, o cargo, a responsabilidade podem ser novidade, mas não a realidade e os desafios do dia a dia de uma terra a que chama casa há 59 anos. Agora que é presidente de junta, diz, “está na hora de arregaçar as mangas”.

Após um ciclo de doze anos sob a presidência de Roberto Figueiredo (PS), Rui Almeida conquistou a junta de freguesia para a coligação PSD/IL num território, à partida, favorável aos socialistas. Um facto que não o atemorizou no momento em que aceitou o convite da estrutura do PSD de Santo Tirso. Pelo contrário. Viu-o como “desafio” de uma campanha a que se entregou de “corpo e alma”.

“Vinha para ganhar, mas tinha os pés assentes na terra. Sabia que as coisas poderiam não correr bem, porque esta é uma terra PS. Tentei rodear-me de gente de quem gostava e que acreditava ser possível mudar as coisas”, explica, o recém-eleito autarca negrelense. “As coisas correram bem. Virar isto foi obra”.
Após duas semanas de trabalho, para além dos projetos a implementar a médio/longo prazo, sente que é necessário criar uma rotina diária. Em Negrelos, como na maioria das freguesias do concelho de Santo Tirso, o presidente não está a tempo inteiro. Tem de gerir os compromissos políticos com os profissionais e pessoais.

Antes de se deslocar para o trabalho, como técnico de vendas, faz questão de diariamente passar nos locais onde os funcionários da junta de freguesia estão a trabalhar para fazer um estado de situação e dar orientações. Durante o dia, caso seja necessária alguma assinatura ou tratar de algum assunto premente, retorna para dar conta do recado, seja à hora de almoço ou fim da tarde.

A este cenário diário, juntam-se as representações junto das associações e instituições da freguesia que normalmente reduzem não ao horário laboral, mas sim ao tempo familiar, como já tem vindo a notar neste curto tempo.

“Dá sempre para conciliar. Desde que queiramos arranjar tempo, conseguimos”, referiu, sublinhando que é precisamente nesta vertente social onde se sente mais à vontade. “Gosto de estar ao lado dos negrelenses e de estar disponível para tudo o que preciso”.

A “proximidade” com que demasiadas vezes se apregoa o papel das juntas de freguesia, pode não substituir a importância do dinheiro para se fazer obra e combater necessidades, mas para Rui Almeida é o elemento central da sua proposta política para quatro anos. Diz que é necessário colmatar algumas questões básicas que ficaram por completar nos últimos anos, mas que o seu objetivo principal passa por combater o sentimento de que São Tomé se tornou numa “terra dormitório” através de um trabalho mais profícuo na vertente “social e comunitária”.

“Precisamos de trabalhar melhor a partir das associações, para que comece a haver mais iniciativas para juntar e unir as pessoas, porque neste momento sinto que é cada um por si”, argumenta. “Temos o parque de estacionamento na escola que muitas vezes funciona como praça, mas não temos um espaço onde possamos estar com as crianças a brincar. Precisamos de um auditório onde possamos juntar a comunidade”.

No fundo, resume Rui Almeida, São Tomé precisa de “trabalhar as pessoas”. É evidente que é preciso dinheiro para fazer infraestruturas, alargar a rede de água e saneamento, por exemplo, ou algumas acessibilidades, no entanto é a parte humana que lhe ocupa o pensamento. Só com um coletivo unido um torno de si mesmo se consegue criar uma verdadeira comunidade e explorar a identidade do que é ser negrelense.

Sobre o passado, deixa elogios à capacidade houve de se concretizarem investimentos que fizeram a vila evoluir. Agora, conta que a postura aberta por parte do presidente da Câmara de Santo Tirso, Alberto Costa, lhe permita concretizar alguns dos seus projetos. Em antecipação da apresentação do orçamento municipal, esta é a época para se ser “exigente” e trazer para cima da mesa os assuntos que afetam a vida das pessoas.

O executivo anterior “teve um bom desempenho” porque fez o que acharam melhor para a sua terra. Sob o mesmo desígnio, “vamos tentar ser diferentes” remata Rui Almeida, para também “podermos ficar na história da nossa freguesia, independentemente de serem quatro, oito ou doze anos. Tenho a certeza que vamos conseguir”.

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