[Opinião] Uma gestão à Santa Comba Dão

CRÓNICAS/OPINIÃO Rui Baptista

As contas do Município de Santo Tirso foram apresentadas na Assembleia de Municipal com um saldo líquido positivo de 5,9 milhões de Euros referente ao exercício de 2023.

Segundo as informações publicadas o resultado agora apresentado foi alavancado na receita, que teve uma taxa de execução de 108%, devendo muito ao aumento da colecta nos impostos municipais, como IMT e Derrama e também no IMI, que representa uma receita forte para o Município, devido à actualização automática da avaliação das casas. Por seu lado, a despesa teve uma taxa de execução de 76% e registou também uma poupança na gestão corrente.

Ora, o princípio das contas certas, agora muito em voga, é o que deve pautar o exercício, ainda para mais quando gerimos o dinheiro que não é nosso, mas sim de todos os cidadãos. Contudo, nos princípios da administração publica, o lucro não é um objectivo, mas sim o saldo zero.

Já no ano passado falei sobre o saldo que a Câmara tinha arrecadado e este ano temos um saldo desta magnitude. Não se entende qual o objectivo de acumular estes saldos nas contas, quando no nosso Concelho temos tantas carências, investimentos necessários que necessitam de grande capital. Parece uma gestão como no tempo do senhor de Sta. Comba Dão: onde o país estava financeiramente bem, mas vivia com grandes necessidades de investimento.

Em Santo Tirso é cada vez mais urgente, a Câmara responder à necessidade de habitação a custos controlados. Perdemos 5% da população residente entre 2011 e 2022 e a falta de habitação acessível é uma forte condicionante para as pessoas se fixarem cá. Aqui, a Câmara não pode gastar todo este dinheiro em habitação, mas tem capacidade de lançar projectos e as candidaturas aos programas disponíveis. Ao longo destes últimos anos nada foi feito, mas com esta saúde financeira muito poderia. Nesta área, temos de recuar aos mandatos do Eng. Castro Fernandes, para ver uma política municipal de habitação onde houve efectivamente criação de novos fogos a custos controlados e sociais.

Outro grande projecto que o concelho necessita, e que foi promessa em várias eleições, é a construção do Cine Teatro. Aqui, Santo Tirso está claramente a ficar para trás em relação aos municípios vizinhos.

Temos capacidade financeira, temos projectos já executados, o que permitia lançar o concurso publico e iniciar as obras, independentemente das candidaturas a apoios do Governo ou Europeus. Apenas falta a vontade política.

Ou então da reabilitação global das estradas nas freguesias, claramente também um projecto de grande envergadura e uma necessidade. Mas não a forma como tem sido feitos, com remodelações de ruas aqui e ali, nesta ou naquela freguesia, sem um plano global de todo o Concelho, colocando todas as ruas nos próximos anos com pavimentos dignos.

Perante tantas necessidades não se entende o porquê de se continuar a acumular dinheiro em contas bancárias à ordem, outro erro de gestão. A única explicação para que o executivo municipal esteja a aforrar desta maneira é que está a criar um mealheiro para depois gastar tudo no último ano de mandato, antes das eleições.

P.S.: O AVS SAD venceu no último domingo o play-off frente ao Portimonense que garantiu a sua subida à I Liga na próxima época. Esta equipa que os Avenses adoptaram como sua, no seu primeiro ano atingiram alcançaram o patamar máximo do futebol. A todos os atletas e colaboradores os meus parabéns e obrigado por trazer a Vila das Aves novamente para o patamar máximo do futebol.

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