As imagens que nos entram em casa pela televisão e os debates que preenchem as emissões dos canais de notícias mostram-nos, sem qualquer dúvida, que violência atrai violência e guerra acarreta mais guerra. E nós, que da história e da geografia dos tempos atuais sabemos pouco, somos forçados a fazer um esforço para tentar entender os motivos antigos e as razões mais próximas que conduziram à situação atual.
O conflito, que não começou agora, é entre o estado de Israel, criado por iniciativa da ONU há cerca de setenta anos para acolher o povo judeu perseguido e dizimado durante a segunda guerra mundial, e o povo palestiniano que, há séculos habitava a Terra Santa e foi espoliado e colonizado pela criação e expansão de Israel. Uns procuram garantir a sua própria segurança, outros reclamam o seu direito à autonomia. Várias tentativas de resolução pacífica do conflito já foram tentadas mas o extremismo, de parte a parte, eliminou quem se havia comprometido com soluções pacíficas e abriu as portas à guerra.
O pior ainda estará para acontecer. As motivações de caráter cultural e religioso que de alguma maneira também sustentam os desígnios de guerra, de um lado e de outro, fomentam o ódio e tornam difícil a coexistência. Democracia precisa-se, para qualquer solução de coexistência pacífica que o povo aprove e garanta, mas são extremistas e totalitários aqueles que se dizem hoje representantes do povo. Todos têm direito à segurança e à paz, mas o ódio é cego e despreza a razão.
É evidente a incapacidade de intervenção da ONU para mediar as partes, o que não é novidade, como se tem visto com a Ucrânia. O risco de extensão do conflito com intervenção de países de regime totalitário, como o Irão, é real. As potências que mantêm ambições de domínio e de controlo sobre o planeta estão na expetativa. Há estados democráticos que começam a confrontar-se com tendências autocráticas e totalitárias que tornam incerto o futuro. A União Europeia é uma construção frágil sem capacidade de intervenção. Tudo junto permite antever um ciclo de relativa paz e prosperidade que se fecha e imaginar outro ciclo que recomeça tudo, tragicamente, sobre escombros. A História reza que tem sido assim.
Por isso a paz devia tornar-se o desígnio comum dos povos em coexistência pacífica baseada na democracia e na lei. É isto que se deve esperar de quem usa a razão.
A guerra é a personificação da irracionalidade.