Desportivo das Aves abre as portas ao “mundo fantástico” do basquetebol

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Nova secção do clube avense vai abrir as portas plena de ambição, com o objetivo de se afirmar no panorama nacional da modalidade. Torneio de rua vai dar as boas-vindas à comunidade.

Pode ainda não haver sequer uma bola ou uma tabela, mas para Simão Silva, pai, e Simão Ribeiro, filho, o desafio de começar uma modalidade literalmente do zero é a oportunidade de concretizar um sonho. Após a saída do voleibol debaixo do guarda-chuva do CD Aves, ficou uma lacuna por preencher na oferta desportiva do clube. Lacuna essa que a direção, liderada por Pedro Pereira, quis preencher com o basquetebol.

Como uma das modalidades mais populares em todo o mundo, em que a NBA é seu expoente máximo de interesses, o basket nunca deixou marca em território avense. Se a vila, ao longo dos tempos, foi terra de futebol, voleibol, atletismo, karaté e até ciclismo, nunca o basquetebol tinha entrado nessa equação. Um cenário que se alterou com Simão Ribeiro.

O jovem avense, apaixonado pela modalidade desde tenra idade, completou todo o seu percurso de formação, acabando mesmo por se estrear como sénior pela equipa do Vitória de Guimarães aos 18 anos numa partida frente ao Benfica a contar para o campeonato nacional, Liga Betclic. E foram os seus esforços que tornaram possível que Vila das Aves vencesse a votação da Hoopers para receber um campo de basket estilizado.

“O interesse partiu do presidente do clube que veio falar connosco lá a casa para tentar preencher a lacuna que passou a existir nas modalidades”, começou por dizer o unanimemente reconhecido professor Simão, o pai. “A notícia do concurso para o campo de basket ajudou a que se percebesse que era possível criar uma onda”.

Essa falta de implementação da modalidade em Vila das Aves não assustava, bem pelo contrário. Se foi possível bater todos os records de votação no concurso da Hoopers, é sinal que há um espaço para o basquetebol na vila, mesmo que avançar para a criação da secção no clube signifique criar tudo a partir do nada. 

“Para mim não houve hesitação”, garantiu Simão, o filho. “Mesmo antes desta proposta, em conversas lá em casa sempre disse ao meu pai que o CD Aves devia ter basquetebol. O basket proporcionou-me muito e gostava de poder proporcionar às pessoas o mesmo, só que muita gente não tem possibilidade de praticar a modalidade porque não há clubes muito perto”.

A geografia é um ponto a favor da nova secção de basquetebol do Desportivo das Aves. Com exceção de Joane e Guimarães, não há mais clubes onde praticar a modalidade na região. Com as pessoas certas, Vila das Aves pode ser um ponto agregador para todos aqueles que estejam interessados em jogar basquetebol.

“É evidente que tem problemas logísticos. Só temos pavilhão e mais nada. Não temos tabelas, não há uma bola, equipamentos, mas estamos aos poucos a construir”, argumenta o pai, mostrando-se confiante que a semente do basquetebol tem tudo para vingar. “As minhas dúvidas nunca foram os miúdos. Tenho a certeza absoluta que vamos ter treinos todos os dias, cheios de miúdos. O problema é arranjar treinadores, pessoas que estejam nas mesas, delegados, coordenadores, isso sim”.

Até ao momento essa confiança do professor Simão mostra-se bem fundamentada. Oficialmente a secção de basquetebol apresentou-se com um post nas redes sociais a dar início ao processo de pré-inscrição. Cerca de um mês depois, já há perto de oito dezenas de interessados.

O objetivo passa por preencher o máximo de escalões de formação possível, sobretudo o minibasket, porque são esses miúdos que vão criar a base sustentável do projeto a longo prazo. Sejam no setor masculino ou feminino, a secção quer estar aberta a todos. Quanto a equipa sénior, logo se verá. Depende dos inscritos.

“Nunca devemos começar a construir uma casa pelo telhado, temos de começar pela base. Neste momento, o importante é começar pela formação, porque queremos criar uma comunidade onde tenhamos o máximo de miúdos possível a jogar”, assegura Simão, filho, que se encontra a estudar na Universidade do Porto e será a par do pai e de um elemento da direção do clube, o “dinamizador” responsável pela secção de basket. “Quanto ao escalão sénior, seria muito importante para servir de figuras modelo para os mais jovens, vamos ver se será possível”.

Se assim for possível, Simão Ribeiro, para além do papel de “formador” e “dinamizador” da secção, diz-se disponível para representar o Desportivo das Aves como atleta dentro da quadra de jogo.

Para já, o primeiro passo a dar é o torneio de abertura de secção que, tudo correndo dentro do previsto, irá decorrer no início do mês de julho. Sob o mote “colorir a Vila das Aves”, o torneio quer demonstrar desde a primeira hora a dinâmica da nova secção, já que se a meteorologia ajudar, a ideia passa por organizar a prova no exterior, trazendo o basket para a rua em ambiente de festa. Da federação já garantiram a instalação do piso próprio para a prática da modalidade para a realização de um torneio em formato 3×3 aberto a toda a gente que queira experimentar, naquilo que pai e filho querem que seja uma “rampa de lançamento” para a secção.

Se tudo correr dentro dos objetivos a médio prazo, Simão, pai, deseja que dentro de “três anos” a modalidade esteja estabilizada e com raízes na comunidade. Já Simão, filho, é mais ambicioso. Para além de ter “todos os escalões preenchidos”, dentro de cinco anos o sonho passa por ter uma equipa sénior a lutar pela subida à primeira divisão nacional.

“É ambicioso, mas se fizermos uma boa recolha de atletas, é um objetivo possível”, concluiu o Simão Ribeiro.

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