Eis que está concluída uma mini requalificação urbana numa via pública em Vila das Aves!
Foi reabilitada uma pequena parcela da Calçada da Azenha do Pisco, na interceção com Avenida de Poldrães (EN 105). Uma rua de cara lavada, pelo menos no início!…
Passeios novos, uma baía (mini) de estacionamento, pavimento novo, passadeira para peões e até separadores entre as faixas de rodagem. Luxos raros por estas paragens que, por essa razão, são motivo de contentamento numa localidade que tão pouco investimento tem na via pública. Tudo isto que, não sendo grande coisa, foi feito à conta de privados (Lidl).
Está bom de ver que, em Vila das Aves, melhorias na via pública só à pala do investimento privado. Para tanto, a Câmara Municipal de Santo Tirso terá sabido aproveitar a oportunidade do pedido de licenciamento da obra para obter contrapartidas na melhoria do espaço público ao redor. Valha-nos isso!
Se a moda pegar para todos quantos forem pedindo licenças de obras talvez venhamos a ter mais alguns passeios e ruas reparadas. É um bom expediente!
Seria neste tipo de recursos, mais ou menos engenhosos, que o presidente da junta estava a pensar quando, na última sessão da assembleia de freguesia, aludiu à intervenção dos privados para reabilitar o antigo edifício onde funcionou a Junta de Freguesia? É que não ficou claro, e também ainda ninguém fez questão de se interrogar sobre o que ele tentou dizer.
Mais uma vez se percebe a razão pela qual é muito conveniente para alguém que atas das sessões da assembleia de freguesia não sejam claras nem rigorosas, e o seu conteúdo cirurgicamente obliterado para que delas pouco ou nenhum vestígio reste!
“Está bom de ver que, em Vila das Aves, melhorias na via pública só à pala do investimento privado. Valha-nos isso! Se a moda pegar, talvez venhamos a ter mais alguns passeios e ruas reparadas. É um bom expediente!”
Por todos estes motivos não posso estar mais em desacordo com a pergunta retórica que foi feita neste mesmo jornal acerca da última assembleia de freguesia. Mesmo que destinada a criar um efeito enfático, não visando necessariamente uma resposta, não posso aceitar que se ouse duvidar do interesse que tem para os avenses discutir o conteúdo de uma ata da assembleia de freguesia, ainda que demore 20 minutos!
Pode-se não gostar, pode-se até não ter pachorra, ou ambas, para aquilo que vulgarmente se designa por formalidades. Mas notem bem, as atas não são meras formalidades. De todo!
As atas têm uma importância fundamental e são intemporais. São, nomeadamente, relevantes no presente, determinantes para o futuro e imprescindíveis para a interpretação, pesquisa, e investigação histórica sobre a autenticidade dos factos. Por tudo isto e não só, é que a boa e rigorosa redação de uma ata, os seus anexos ou apensos, têm uma relevância capital, que transcende a mera determinação legal. Não se pode menosprezar essa essencialidade, por muito que essa não seja “a praia” de alguém!
Eu fui uma, entre algumas, das várias mãos que participou na redação do livro Vila das Aves – em Livro Aberto, por ocasião da efeméride dos 50 anos de elevação a vila. Não imaginam a importância de que se revestiu a consulta das atas, o cruzamento da informação que nelas constava com os factos supervenientes, até para esclarecer e desfazer alguns mitos urbanos!
Desvalorizar a falta de rigor nas atas é prestar um mau serviço à terra. Pactuar com atas sem rigor, com apensos comprovadamente falsos e ainda outros errados, de forma deliberada e consciente, ou displicentemente tornados público, jamais!
Custe o que custar, doa a quem doer ser rigoroso é uma boa política, por isso aqui fica esta minha referência para memória futura.
Não vivemos num clima de pretensa guerrilha como há quem tente fazer crer, porque oposição com rigor não é sinónimo de guerrilha. Porém sou do tempo em que a alegada “guerrilha” deu frutos. Agora que vivemos num clima monocromático e com o progresso a passar ao lado, nem as bicicletas do Programa Pedala nos podem valer!
Cada freguesia tem de pedalar a sua bicicleta, esta vila até já teve bons ciclistas, trepadores e velocistas, mas agora o que precisamos mesmo é de sprinters e contrarrelogistas no pelotão.
Boas férias para quem merece e não se esqueçam, evitem o Bacalhau à Brás!