No dia 29 de outubro assinala-se o Dia Mundial do AVC, que se apresenta como a segunda maior causa de morte, segundo a Organização Mundial de Saúde. A dimensão conferida a este dia ostenta o simbolismo da sobrevivência e da esperança e a notável missão de sensibilizar a população mundial para o reconhecimento dos sinais de alerta, dos quais se destacam a: falta de força global ou parcial, as alterações faciais e as dificuldades na fala. A presença destes aspetos mencionados pode ser indicadora de lesão cerebral e a suspeita fundamentada deve ser orientada clinicamente com a maior brevidade possível, considerando que a intervenção médica precoce pode contribuir para a diminuição do impato da patologia no indivíduo.
“O fisioterapeuta que atua na área neurológica, sendo detentor de rigorosos conhecimentos em sistemas de movimento humano, é capaz de identificar alterações do controlo postural e do desempenho motor que permitem orientar as maiores necessidades do indivíduo, no sentido de lhe oferecer os estímulos adequados para a ativação de redes neurais especificas de modo a maximizar o seu potencial”
Rita Martins
O AVC constitui um distúrbio focal ou global da função cerebral e a evidência científica sugere que após esse evento cerebral surge espontaneamente uma resposta de reparação desses danos, que ocorre de um modo desorganizado. A abordagem terapêutica é um elemento fundamental para promover a reorganização e o desenvolvimento das competências que ficaram prejudicadas.
O fisioterapeuta que atua na área neurológica, sendo detentor de rigorosos conhecimentos em sistemas de movimento humano, é capaz de identificar alterações do controlo postural e do desempenho motor que permitem orientar as maiores necessidades do indivíduo, no sentido de lhe oferecer os estímulos adequados para a ativação de redes neurais especificas de modo a maximizar o seu potencial.
O papel deste profissional de saúde é preponderante na habilitação motora, trabalhando o ser como um todo, na sua dimensão biopsicossocial. O seu vasto leque de competências específicas permite a análise comportamental do sujeito e a estruturação adequada de um plano de tratamento que deve iniciar-se logo na fase aguda, a nível hospitalar e deve prorrogar-se para a fase crónica, em contexto extra-hospitalar.
O caminho da recuperação motora deve evitar o aparecimento de padrões compensatórios que funcionam como um falso indicador de melhoria do estado clínico. Para um fisioterapeuta há uma grande diferença entre deslocar-se e fazer marcha. Nesse sentido, procuramos desenvolver o potencial máximo do indivíduo de forma gradual, tentando gerir a vontade intrínseca de independência com a consciencialização acerca dos aspetos menos positivos no processo de recuperação motora causados pelo excesso de movimento em padrões menos apropriados.
É importante que o acompanhamento terapêutico ocorra logo desde o início, e que seja mantido no decorrer das diferentes fases da doença para que o movimento seja o mais eficiente de acordo com os padrões de recuperação.
Numa Era em que muito se fala acerca da literacia em saúde e da relevância de manter os cidadãos bem informados, é essencial esclarecer que há uma infindável rede de aquisições que podem surgir após o AVC, independentemente do tempo da lesão, ao contrário do que era descrito pela literatura anteriormente. Um dos contributos essenciais da fisioterapia é promover um crescimento cada vez mais abrangente e profícuo dentro da janela de oportunidades que oferece na área de ação que representa.
Referências Bibliográficas:
Li, S. (2017). Spasticity, motor recovery, and neural plasticity after stroke. Frontiers in Neurology, 8 (120): 1-8. doi: 10.3389/fneur.2017.00120
Zhao, L. & Willing, A. (2018). Enhancing endogenous capacity to repair a stroke-damaged brain: An evolving field for stroke research. Progress in Neurobiology, 163-164 (5-26): 1-59. doi:10.1016/j.pneurobio.2018.01.004.