[EDITORIAL] Posso fazer alguma coisa pelo planeta?

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

A cimeira de Glasgow sobre as alterações climáticas tem dominado as notícias. E as expetativas que nos transmitem sobre o compromisso dos dirigentes mundiais para agirem em conjunto e sem demora não são tranquilizadoras.

Os cientistas garantem que a melhor forma de salvar o planeta dos efeitos perigosos das alterações climáticas é manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus. E não parece estarmos no bom caminho. De facto tem-se verificado um aumento de frequência e de intensidade de eventos meteorológicos extremos em resultado do aquecimento global.

Espera-se dos decisores políticos compromissos com metas mais ambiciosas para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, a adoção de medidas de adaptação aos inevitáveis impactos das alterações climáticas e o aumento do financiamento da ação climática, em especial para os países em desenvolvimento.

Um compromisso global com o clima não pode ser concretizado apenas ao nível dos países e das organizações. A par e passo, são indispensáveis ações individuais. Um velho provérbio português lembra que “um grão não enche o celeiro mas ajuda o companheiro” e esta imagem pode ajudar a convencer-nos da pertinência das ações individuais que podemos encontrar no site da Organização das Nações Unidas a este respeito.

“Com esta visão pessimista de que as mudanças só podem acarretar prejuízos económicos, só nos resta antecipar alguma iniciativa pessoal pelo ambiente, a realizar localmente”

Américo Luís Fernandes

Vale a pena tomar nota:

– Poupar energia em casa, incluindo usar lâmpadas LED, eletrodomésticos eficientes, com a vantagem de também se poupar dinheiro.

– Andar a pé, de bicicleta, com vantagens para a saúde e bem-estar. Optar por transportes públicos, considerando a hipótese do comboio para distâncias mais longas.

– Comer mais vegetais, já que a produção de vegetais de modo geral usa menos energia e resulta em menor produção de gases de efeito de estufa que a produção animal.

– Reduzir as viagens de avião é um dos modos mais eficientes de reduzir o impacto individual no clima.

– Desperdiçar menos comida e fazer compostagem dos resíduos orgânicos.

 – Reduzir, reutilizar, reparar e reciclar. As emissões de carbono são feitas na extração de matérias-primas, na produção, no transporte pelo que pensar em comprar menos, comprar em segunda mão, reparar o que for possível e reciclar são vantagens para o ambiente.

– Colocar painéis solares para produzir energia limpa.

– Pensar elétrico quando planear comprar o próximo veículo.

– Comprar produtos amigos do ambiente: preferir produtos sazonais produzidos localmente ou por empresas comprometidas com objetivos de redução de emissões, de desperdícios e de uso responsável de recursos.

– Promover ações a favor do ambiente em todos os setores de atividade. Os passos concretos dados pelos dirigentes locais e globais vão decidir da nossa capacidade para uma transição climática resiliente.

Uma das críticas mais contundentes que é feita à Cimeira de Glasgow é que funciona sob o princípio irracional e impossível de atingir de que a passagem de geração da energia fóssil para a geração da energia verde não deve, de modo nenhum prejudicar as economias nacionais e a economia global.

Com esta visão pessimista de que as mudanças só podem acarretar prejuízos económicos, só nos resta antecipar alguma iniciativa pessoal pelo ambiente, a realizar localmente. O que acaba por ser mais eficiente do que viajar para Glasgow para juntar mais uma voz aos ativistas de serviço.

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