Fiz-me gente nesta terra. Conheço as curvas dos seus rios e o peso das encostas onde o tempo parece ter parado. Reconheço nos rostos envelhecidos as marcas deixadas pelo labor de uma vida inteira e nos olhos dos jovens aquele brilho teimoso de quem tem esperança no futuro. Conheço, também, a angústia de quem espera por uma vaga numa creche, por uma consulta no hospital, por uma casa que se possa pagar. A frustração dos que não pedem mais do que uma vida com dignidade e, ainda assim, são tratados como se pedissem demais, bem como a sensação amarga de impotência perante a estagnação que há décadas tolhe Santo Tirso.
Por isso aceitei o desafio de encabeçar a candidatura para a Câmara Municipal de Santo Tirso, integrando o projeto transformador da CDU. É neste projeto que reconheço a voz de quem resiste, de quem aspira a um concelho que cuide dos seus: a dos profissionais de saúde e utentes que lutam pela defesa e reforço do Hospital de Santo Tirso; a dos mais de 30 mil trabalhadores do concelho que sabem que a riqueza que criam não se reflete nas suas condições de vida; a dos jovens que não querem ser exilados da sua própria terra, que reclamam casas para viver e não para enriquecer especuladores; a das populações que se erguem contra a destruição do que é de todos — a natureza, os rios, a paisagem; e, por fim, a voz das associações populares e culturais que continuam a dar corpo a uma cultura feita para todos.
Ao longo de mais de 40 anos, Santo Tirso foi governado por um PS que diz, repete e promete, mas que pouco transforma. E do outro lado, um PSD e seu sucedâneo (Chega) que, por detrás da troca de larachas e do folclore mediático, partilham das mesmas opções de fundo: privatizar o que é público, adiar o que é urgente. O resultado está à vista: na última década perdemos mais de 5% de sua população e, ainda assim, fomos o concelho do distrito onde as rendas mais subiram. E o que dizer dos serviços básicos? Continuamos a ser dos concelhos onde as famílias mais pagam pelos serviços de água, saneamento, resíduos sólidos. A quem interessa isso? Seguramente não à população. Vivemos numa terra onde trabalhadores das cantinas que alimentam as nossas crianças mal conseguem ganhar o suficiente para alimentar as suas. Onde quem cuida dos nossos idosos, vive na corda bamba da precariedade. Onde se exige silêncio aos que têm razões de sobra para gritar. Quem percorre as ruas do concelho vê os rostos fechados de quem entra numa fábrica às sete da manhã e sai sem saber se terá salário a chegar ao final do mês. Vê mães desesperadas por uma vaga numa creche. Vê jovens de malas na mão, não porque querem partir, mas porque foram empurrados. E quem vê isto tudo e não se revolta, já desistiu.
A CDU não promete milagres. Promete trabalho, honestidade e competência. Queremos recuperar o direito à cidade. A cidade que cuida dos seus, que não exclui quem mora longe do centro. Queremos escolas com trabalhadores valorizados, cultura com palco próprio, o Hospital de Santo Tirso valorizado e reforçado, com mais profissionais e melhores condições para utentes, acesso à habitação a preços que se consigam suportar. Queremos uma cidade onde os trabalhadores não sejam forçados a viver à margem.
É com a CDU que esta transformação pode ser concretizada. Não por palavras soltas em tempos de campanha, mas porque somos a força política que coloca no centro os direitos fundamentais: à habitação, à saúde, à escola, à mobilidade, à cultura, ao desporto, ao lazer, ao ambiente.
É hora de erguer, com os pés na terra, um futuro com o povo no centro.