[Editorial] Imprensa, liberdade e democracia

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

1Braga, a cidade Capital Portuguesa da Cultura 2025, vai acolher, no próximo fim de semana, um encontro nacional promovido pela Associação Nacional da Imprensa Regional (ANIR). Além dos representantes dos órgãos de comunicação associados (entre os quais, o Entre Margens), estarão presentes membros do governo, deputados dos vários partidos representados no parlamento, especialistas e outras individualidades com ligação aos assuntos em debate.

Pretende-se, para além de refletir sobre o papel da imprensa regional na democracia e na luta contra a desinformação, abordar a necessidade de revitalizar e tornar sustentável a imprensa de proximidade. Serão apresentadas as perspetivas de apoio público e debatido o papel da ERC (entidade reguladora).

A Comissão dos 50 anos do 25 de Abril vai promover um painel intitulado “Imprensa, Revolução e Democracia”, dando destaque ao papel da imprensa regional na consolidação da democracia e prestando um reconhecimento público aos jornais que desempenham papel fundamental na defesa da liberdade de expressão. Alguns antigos presidentes de câmara apresentarão a sua visão sobre a importância da imprensa local no contexto da gestão municipal.

Assunto aguardado com alguma expectativa, dada a atual situação de crise política, é apresentação do #PortugalMediaLab, estrutura de missão criada pelo governo em agosto passado para “a coordenação da execução e a monitorização das políticas públicas no domínio da comunicação social”. O Plano de Ação para os Media, apresentado em outubro na Assembleia da República será alvo de atenção, sendo que as circunstâncias políticas atuais podem tornado letra morta o que ficou por implementar.

2É do senso comum que a liberdade de imprensa é um pressuposto básico da democracia. Mas, tal como noutros assuntos da América e dos americanos, a nova administração Trump tem vindo a desfazer ideias que tínhamos por justas e verdadeiras sobre a solidez da democracia americana.

O boicote, por vários meios, aos órgãos de comunicação que não alinhem nas ideias que a administração quer fazer passar, surgiu, ironicamente, a par de uma das famosas “ordens executivas” de Trump a “restaurar a liberdade de expressão e a acabar com a censura federal”. Liberdade de expressão sim, mas não contra o poder. A guerra do presidente contra jornalistas, televisões e jornais já vinha do passado e traduz-se por uma indisfarçada subserviência de alguns importantes órgãos de comunicação. É ridículo (e ao mesmo tempo trágico) ver a prestigiada agência Associated Press ser banida de aceder a eventos oficiais por não designar o Golfo do México pelo novo nome que Trump lhe deu, em ordem executiva oficial.

A democracia nos Estados Unidos da América não está saudável. E quem fica a perder na guerra entre a administração e os media é o povo americano, a quem é dificultado o acesso a informação confiável sobre o seu próprio governo.

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