[Opinião] A Nova Desordem Mundial

CRÓNICAS/OPINIÃO Rui Baptista

1 No dia 7 de outubro um ataque do Hamas (partido palestiniano armado), fez despoletar mais um conflito armado, neste caso numa zona que vive em guerra latente há 75 anos.

Há 75 anos era criado o Estado de Israel para ser a pátria dos sobreviventes ao Holocausto. Foi mais um caso de um país criado a régua e esquadro num gabinete em Nova York que nunca foi aceite pelos vizinhos árabes.

A promessa de um Estado para os Palestinianos também nunca foi cumprida por Israel, em resultado foram décadas de conflito e coexistência nada pacifica.

Ao longo destes anos o que vimos foram gerações inteiras que assistiram a violência de parte a parte e habituaram-se a odiarem-se.

A resolução pacifica para a questão do Médio Oriente é uma miragem. Com os acontecimentos do passado dia 7 de outubro vemos que essa miragem será ainda mais longínqua. Abriu-se a porta para uma escalada de violência e radicalismos de parte a parte. As famílias Israelitas que viram os seus familiares mortos e massacrados vão querer odiar os seus vizinhos Palestinianos. Por seu turno as crianças e jovens palestinianas que estão a sofrer os ataques de Israel vão querer odiar e combater o seu vizinho. Assim não haverá paz.

O resto do mundo está a olhar como sempre olhou para este conflito: com o interesse próprio de aproveitar o conflito para ganhar hegemonia regional ou para alinhar em blocos geoestratégicos consoante os seus interesses.

António Guterres disse uma verdade incontestada, o que aconteceu a 7 de outubro tem antecedentes.

Com a guerra na Ucrânia e agora no Médio Oriente, que tem tudo para escalar para um conflito mais amplo. A incapacidade de as potencias mundiais se entenderem sobre a paz coloca-nos no preâmbulo de um período de guerra, tal como vimos no inicio do século XX. Não é catastrofismo dizer que o tempo da paz duradoura esta a terminar.

2 Esta semana foi aprovado o Orçamento de estado na generalidade.

Há novidades positivas, o excedente da receita sobre a despesa deve ser 0,2% e as previsões macroeconómicas do documento são sensatas e realistas. Portugal deverá chegar ao fim do ano com a dívida pública ligeiramente abaixo dos 100% do PIB.

A segunda boa novidade é a descida da IRS, quer pela atualização dos escalões, quer pela descida da taxa sobre os cinco escalões mais baixos. A eliminação do IVA zero e como compensação o aumento da reforma  e de outras compensações sociais, como o abono das família, complemento solidário dos idosos, são mais eficazes, e custam menos.

Negativo no Orçamento são as mudanças no IRC, mas Portugal continua com uma das taxas de IRC mais altas da Europa.  Por sua vez, mantém-se a progressividade do IRC, que desincentiva a criação de grandes empresas num país em que elas são raras.

Em suma este Orçamento tenta repartir os benefícios por todas as classes sociais, mas não se preocupa em aumentar a receita, não incentiva o crescimento do investimento privado e geração de riqueza, nem tampouco o investimento publico necessário (ferrovia, educação, saúde, habitação) está devidamente acautelado neste orçamento.

É um mero exercício de contabilista de deve e haver repartindo o que cobra em Impostos.

3 Esta semana foi conhecido que a EFACEC foi vendida. Ficamos a saber que além dos 10M€/mês que o Estado meteu na empresa, nos últimos dois anos, ainda vai injectar mais 160M€ para vender. Quem compra apenas coloca 15M€ mais 60M€ em garantias.

No final o estado vai gastar na EFACEC 360M€ para salvar 2.000 empregos. Inquestionável o poder estratégico da empresa e o seu capital humano, mas gastar este dinheiro todo significa que cada colaborador da EFACEC custou aos contribuintes 180.000€. Já se sabe que o Estado é péssimo a gerir e ainda pior a vender.

Se deixássemos cair a EFACEC não sairia mais barato e abrir-se-ia a oportunidade a novos empreendedores que saíssem da empresa?

Parecemos um pais rico.

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