De longe nos chegam notícias de guerra. Nem se poderá dizer da guerra porque ela surge em tantos lugares do planeta que dificilmente se consegue identificar de qual guerra falamos quando nos referimos à guerra.
O ataque do Hamas a Israel fez esquecer o que acontece na Ucrânia. As notícias sobre as mortes, em tempo real, em Israel e Faixa de Gaza veio substituir os horrores bélicos entre Rússia e Ucrânia. Vemos as imagens nas telas da televisão e naturaliza-se aquilo que não poderia nunca ser naturalizado. Passou a ser uma filmagem, só que não é ficção.
Esta semana a cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro, foi notícia. Não sei se no mundo, mas aqui as televisões passam e repassam os horrores que os cariocas sentem na pele quase diariamente. A “faixa de gaza” chegou aqui. Se víamos filmes sobre e máfia italiana ou chinesa e achávamos que era cinema, aqui é real. As milícias tomaram a cidade. Primeiro foi o assassinato, por engano, de um grupo de médicos que iriam participar de um congresso, agora após a morte de um miliciano de alto escalão veio o terror a que a população, sempre a mais vulnerável, está sujeita. Incendiaram 35 autocarros e um comboio, com as pessoas ainda dentro, em retaliação ao ato das forças da ordem.
O Rio de Janeiro foi ocupado por grupos de milicianos que, como a máfia que víamos nos filmes fazia: cobra o “gato” da internet, exige que as pessoas lhes comprem os botijões de gás, extorquem dinheiro para “fazer” a proteção dos comerciantes locais, ocupam terras e fazem construções ilegais que vendem, e muitas vezes porque foram mal construídas, podem desabar. Quem vive em Portugal deve sentir estranho este tipo de acontecimento, mas notícias no Brasil são sempre um mar de horrores que, infelizmente, não se restringe à cidade maravilhosa.
E como pode alguém ser quem não é faço fé que o povo brasileiro se dê conta do quanto tem de mudar no seu modo de ver o mundo porque a violência fica impregnada no corpo, na alma e no espírito por mais que se procure lugares onde se possa viver em paz.