[Editorial] Projetos, desafios e sonhos

CRÓNICAS/OPINIÃO Diretor

1Nesta edição do Entre Margens fazemos eco da reunião pública da Câmara Municipal de Santo Tirso que ocorreu no Centro Cultural e da visita feita pelo presidente deste órgão autárquico a vários locais da vila, nomeadamente àqueles onde irão decorrer obras. E reportamos a sessão de apresentação do projeto de requalificação da rua João Bento Padilha.

Trago à memória uma reunião anterior do executivo camarário, presidida ainda por Joaquim Couto, para registar que algumas questões então abordadas continuam pertinentes, como exemplo a requalificação da rua Silva Araújo, que mereceu então ordem de avançar para uma primeira fase (que já vinha projetada do mandato anterior), sendo referida, agora, uma data para a conclusão do projeto da segunda fase.

Mas nem é o anúncio de intenções e de projetos que difere substancialmente daquilo que em tempos foi norma. A diferença notória está na apresentação, agora, de projetos acabados, quando, não há muito tempo, se podia discutir, analisar e refletir sobre as propostas dos projetistas. Recorde-se que quando Joaquim Couto veio apresentar a ideia do Verdeal como Parque Silvestre alargado às duas margens do Vizela, prometeu a apresentação e discussão pública do projeto do mesmo, o que nunca aconteceu.

Há questões urbanísticas muito relevantes para a Vila das Aves, que têm que ver com o centro urbano. Tem pelo menos seis décadas a intenção de ligar a rua da Srª da Conceição à Tojela e o edifício onde funcionam a CGD e os CTT já permite antecipar a necessidade de fazer tão bem ou melhor o que a seguir vier. E o arranjo da Tojela tem que permitir o alargamento dos espaços e unificar os três largos da Tojela numa nova centralidade. Esta zona merece um desenho de qualidade e seria pertinente e bem recebido um debate alargado sobre o que o município pode e deve fazer, sendo certo que há mais de vinte anos se vem sugerindo, sem sucesso, a elaboração de um Plano de Pormenor que balizasse a evolução futura.

2Uma das questões colocadas na reunião pública do executivo camarário, há 9 anos, foi recolocada agora: poderá a Câmara Municipal adquirir o Cine Aves?

A ideia não terá tido eco agora, como já não tinha tido antes, mas deixar correr o tempo sobre o edifício sem qualquer intervenção é apressar a sua ruína, tanto mais que está agora totalmente desocupado com o fecho do restaurante.

Passaram três anos sobre um trabalho jornalístico que aqui fizemos, no Entre Margens, sobre o Cine Aves, a sua história, o seu valor artístico e o potencial de requalificação (edição 656, disponível no arquivo do site do jornal). Pensamos que é possível partir desse trabalho para um processo de classificação do edifício como património de interesse municipal. Esta classificação está regulada pela Lei de Bases de Proteção do Património Cultural e é o ponto de partida para garantir a sua proteção e valorização. Fica o desafio aos eleitos e aos leitores. Poderá a notícia, nesta edição, da homenagem a Castro Alves, em Bairro, acordar algum sonho, de maior fôlego, fundado no amor à terra, ao património e às artes?

E se houvesse uns quantos avense que…

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