Como nota introdutória gostava de referir que não sou, nem nunca fui, profissional da educação. Não pretendo dar lições de gestão pedagógica a ninguém, apenas constatar o óbvio.
Todos os anos saem rankings das escolas, e muitos ficam indignados com o facto de as escolas públicas estarem cada vez mais longe dos lugares cimeiros, em vez de se indignarem com as possíveis causas desses resultados.
Como aluno, iniciei a minha vida de estudante numa escola primária pública e posso dizer que fiquei tão bem, ou melhor, preparado que qualquer aluno de escola privada da altura. As bases que adquiri na primária, facilitaram-me o percurso escolar, permitindo ter bons resultados.
Diria que o que fez a diferença na altura foram as pessoas e não as condições físicas ou socioeconómicas. Tomo a liberdade de aqui deixar o reconhecimento publico à minha professora primária (Prof. Rosa Sobral) que marcou muito o meu percurso, não só por ser a primeira professora, mas por me ter incutido a forma como passei a olhar para a escola.
Nos últimos anos, o Ensino Público em Portugal mudou imenso e, para mim, há dois factores fundamentais, que estão intimamente ligados.
Um deles é, precisamente, as pessoas que estão hoje no ensino. A falta de professores, a descredibilização da carreira e a redução do papel do professor na sala de aula fazem com que este profissional não tenha o mesmo papel influenciador que tinha no passado.
E porque é que temos problemas com os recursos humanos? Aqui entra o segundo factor e que é também causa do primeiro: as políticas para a educação.
Nunca, em Portugal, se teve um pacto de regime que defendesse a estratégia nacional para a educação, tal como acontece na Política Externa ou na Defesa Nacional. Porque é que para a Educação não se fez o mesmo? Criar objectivos nacionais e estratégias para os alcançar e, executa-las, depois, consoante os Governos.
Ao longo dos anos a Educação serviu para que os sucessivos Governos afirmassem as suas ideologias. De Governo em Governo, as políticas são apagadas e reescritas vezes sem conta.
Por ideologia terminaram os contratos de associação com escolas privadas, apenas para fazer o frete aos amigos de esquerda que sustentavam o Governo na altura. Se tínhamos uma escola que prestava um bom serviço à comunidade optou-se por terminar e segregar a população. A população com recursos continuou na escola privada a usufruir da mesma qualidade. Os restantes foram para a Escola Pública e ficaram à mercê de greves, de falta de professores, e com dificuldades em cumprir o programa.
Os Rankings apenas mostram o que fizeram à nossa Escola Pública. A degradação do serviço e a falta de confiança levou a que a iniciativa privada disponibilizasse aquilo que o Ensino Público não consegue: qualidade. Outra falácia é que as escolas privadas são exclusivas para ricos. Actualmente, cada vez mais pessoas da classe média colocam os seus filhos no privado, fazendo um enorme esforço financeiro para lhes dar as melhores bases possíveis.
A esquerda política é geradora da degradação da Escola Pública e todas as medidas são no sentido de agudizar essa diferença.
Investir na Escola não é só fazer obras, como vemos o Governo e as Câmaras. Sou defensor da Escola Pública de qualidade, e é possível tê-la. Estes Rankings também mostram o bom trabalho que é feito em muitas Escolas Públicas sem recursos. Sucesso que se deve às pessoas que lá trabalham e que, diariamente, lidam com dificuldades vindas de quem deveria trazer facilidades.